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Uma Homenagem ao Nosso Pai Oxalá

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Na Umbanda, Oxalá é a força divina que está mais próxima do Criador. É a irradiação pura de Deus que chega até a Terra. Quando a gente fala de Oxalá, a gente está falando do todo, da manifestação mais próxima que existe do nosso Pai Olorum.

E aí, Galerinha! Tudo bem com vocês? Eu estou gravando esse episódio na véspera de Natal. E como não poderia deixar de ser, eu quero fazer a minha homenagem hoje a esse Orixá Fantástico, por quem eu tenho uma profunda e intensa veneração! O nosso Pai Oxalá! Hoje eu vou dedicar o episódio para falar sobre essa força majestosa irradia as suas bençãos pelo nosso planeta. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e nesse podcast a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade, Mediunidade e também sobre as poesias do Pai Antônio.

Na Umbanda, Oxalá é a força divina que está mais próxima do Criador. É a irradiação pura de Deus que chega até a Terra. Quando a gente fala de Oxalá, a gente está falando do todo, da manifestação mais próxima que existe do nosso Pai Olorum. Não é à toda que na Umbanda, Oxalá é considerado o Orixá dos Orixás. Porque ele está num patamar acima dos demais Orixás. Oxalá é o Pai de todos nós, o Pai de Todos os Orixás, o Criador de tudo o que existe no planeta terra. Tem um ponto lindo que fala exatamente isso: que Oxalá criou a Terra, que Oxalá criou o mar, e depois que ele criou tudo o que existe na Terra, ele deu para os Orixás cuidarem. Ouve só que ponto bonito!

[Ponto de Oxalá – 01]

Não é lindo esse ponto? “Oxalá criou a Terra, Oxalá criou o mar, Oxalá criou o mundo onde reina os Orixás. O engraçado é que na cultura africana, eles não cultuavam diretamente Oxalá. Os povos da África achavam que Oxalá estava em um patamar tão elevado que ele não se importaria em atender o pedido dos seres que estavam aqui na Terra. Como o próprio ponto que a gente acabou de ouvir fala: Oxalá delegou atribuições para os demais Orixás. Então, por causa disso, a gente pode perceber que no culto de nação, geralmente um Orixá se destaca dos demais. Tem lugar que presta uma reverência maior a Oxóssi, tem lugar que dá mais importância para Xangô, para Ogum, para Iansã, e por aí vai. Mas não existe no culto de nação uma devoção direta a Oxalá. É engraçado isso ,né?

O povo africano pensava da seguinte maneira: bom, se eu fizer um pedido diretamente para Oxalá, ele está tão longe da gente, ele está tão próximo de Deus, que é capaz dele nem ouvir o nosso pedido. Então, o que eu vou fazer? Ao invés de eu pedir para Oxalá, eu vou pedir para um Orixá a quem ele delegou aquela função. Pelo menos, eu sei que aquele Orixá está mais próximo de mim e ele vai me ouvir.

A gente pode até fazer uma comparação. Imagina que você trabalha numa empresa muito grande, que tem vários graus de hierarquia. Tem os operários, tem o chefe de seção, depois tem o chefe de setor, depois tem o chefe de departamento e, por aí vai, até chegar na presidência. E você, como operário, se você tiver algum pedido para fazer, você não vai chegar direto para o presidente para fazer esse pedido. Porque é capaz de você não ser nem recebido por ele. O que você faz? Você procura o seu superior imediato: o Chefe de Seção. É para ele que você vai fazer esse pedido, porque você sabe que ele vai te ouvir. Os negros africanos pensavam mais ou menos assim. Mas nem por isso eles deixavam de respeitar Oxalá, eles tinham uma profunda veneração por esse Orixá. Porque eles sabiam que sem a permissão de Oxalá não se fazia nada. Oxalá é quem dá a palavra final para o destino de todos os seres vivos aqui na Terra. Vamos ouvir mais um ponto de Oxalá?

[Ponto de Oxalá – 02]

E Oxalá era tão respeitado na África que eles chamavam esse Orixá de Orixalá, que significa o Orixá dos Orixás, aquele que está acima de todos os outros. Inclusive, os escravos de antigamente chamavam essa manifestação de Deus de Orixalá, mas daí, com o tempo, a palavra Orixalá foi se contraindo: Orixalá, Orxalá, e acabou se difundindo como Oxalá. E essa palavra “Oxalá” significa Senhor da Luz ou Senhor da Luz Divina, porque ele é o representante direto de Olorum, o nosso Pai Criador. E tem outras pessoas que chamam ele de Obatalá, que significa o Senhor do Pano Branco. Então, gente, Orixalá, Oxalá e Obatalá é a mesma coisa. A diferença é apenas regional. Lá na região do Benin, da Nigéria, eles falavam Orixalá. Já na região da Angola, eles costumavam falar Obatalá.

É a mesma situação quando a gente quer expressar Deus na Umbanda, né? Tem gente que fala Olorum: eu gosto de falar Olorum. O Pai Antônio, por sua vez, ele gosta de chamar de Nzambi e tem outras pessoas que chamam de Olodumaré. Então, para nós umbandistas, Olorum, Nzambi e Olodumaré são nomes diferentes para expressar o Deus único, o todo poderoso. É gente, porque ao contrário do que muita gente pensa, a Umbanda é monoteísta, assim como é o Candomblé. Nós não consideramos os Orixás deuses, nós consideramos eles como emanações puras da divindade.

Agora eu quero oferecer esse ponto em homenagem aos nossos irmãos candomblecistas, porque esse é um ponto lindo de Oxalá, cantado em Iorubá, que eu adoro! Inclusive eu acho que até já coloquei ele para tocar em algum outro episódio lá atrás que eu não lembro qual. Onisá-urê!

[Ponto de Oxalá – 03]

E lindo demais esse ponto, né gente? Eu acho que essa é a canção mais bonita em Iorubá que eu conheço! Gratidão, meus irmãos do candomblé! Eu tenho muito respeito pelo trabalho bonito que vocês fazem, ajudando as pessoas e cultuando os nossos Orixás Sagrados. Cada um cultuando da sua maneira, mas o importante é nós estarmos unidos em coração.

Oxalá é considerado o senhor do pano branco, porque o branco é a sua cor característica. O branco é a união de todas as cores, assim como Oxalá é a união de todos os Orixás. A gente pode interpretar Oxalá como sendo a luz branca de Deus que passa por um prisma e se decompõe em diversas outras cores, formando a cor respectiva de cada Orixá. Daí surge o marrom de Xangô, o Vermelhor de Ogum, o amarelo de Oxum, o verde de Oxóssi, o lilás de Nanã, o rosa de Ibeji, o azul de Iemanjá… Vocês percebem que todas essas cores fazem parte da cor que originalmente era branca? Por isso que a gente fala que Oxalá está acima dos demais Orixás. Porque todos os demais Orixás estão contidos na energia primária de Oxalá.

É como se Oxalá detivesse todo o poder de Deus e irradiasse esse poder para os demais Orixás. A energia de Oxalá vai se decompondo, formando os outros Orixás. Inclusive tem um ponto que fala assim: “vou caminhando nas estradas dessa vida e me protegem sete luzes de Orixás. Essas luzes o que são? As luzes do arco-iris, que se forem aglutinadas formam a luz branca. E esse ponto, inclusive é muito bonito. Ouve só!

[Ponto de Oxalá – 04]

E esse ponto canta que Oxalá é paz, que Oxalá é o Rei, o Rei da Paz. Mas além disso, Oxalá também é o Senhor da Fé. Rubens Saraceni falava que Oxalá é o Trono Divino da Fé, é a manifestação de Deus que faz a nossa fé se fortalecer. Oxalá faz despertar dentro de nós a religiosidade. A energia de Oxalá que vibra no nosso chackra coronário faz com que nós busquemos sempre a conexão com os planos superiores. É o poder de Oxalá que nos direciona ao Criador, por isso, na Umbanda, ele é considerado o Orixá da Fé.

Quando a gente está perdido nas trevas da ignorância e nós ansiamos por reencontrar a luz, o direcionamento do nosso pensamento tem que ser para Oxalá. É ele que vai nos conduzir de volta ao Pai Criador.

[Ponto de Oxalá – 05]

É bonitinha essa música, né? Tem um ritmo tão gostoso de ouvir! Mas vamos falar um pouquinho agora sobre o sincretismo. Eu acho que não tem segredo aqui, né gente? De Oxalá ter sido sincretizado com Jesus Cristo. Porque para a Igreja Católica, Jesus Cristo é o filho único de Deus, Jesus Cristo está acima de todos os santos. Daí, o que aconteceu? Rapidamente os negros pegaram esse conceito. Epa, peraí… Se Jesus Cristo é o filho de Deus está acima de todos os Santos. Na minha cultura, Oxalá foi criado diretamente por Olorum e também está acima de todos os outros Orixás. Vocês percebem? Foi fácil para o negro escravo fazer essa associação.

E na Umbanda, foi atribuído a Oxalá a criação domundo, a criação de todos os seres vivos e também a criação do homem. Tem até uma lenda Iorubá que fala que Olorum (o nosso Deus), entregou a Oxalá a incumbência de modelar o homem e de soprar nele o ar da vida. É por essa razão que o elemento de Oxalá é o ar, o ar que nos deu a vida.

Tudo que é relacionado à criação no planeta Terra está ligado a Oxalá. É o princípio da criação, princípio assim, olhando do ponto de vista masculino. Porque, do ponto de vista feminino, o princípio da criação dos seres vivos na Terra está ligado a Iemanjá. Olha só que legal esse ponto que vai tocar agora!

[Ponto de Oxalá – 06]

Que ritmo maravilhoso, né gente! Êpa-Babá, Senhor da Luz! Mestre que irradia a sua fé para todos os Pais de Santo, para todas as Mães de Santo, para todos os dirigentes espirituais, de todas as religiões! O poder de Oxalá, além de fazer crescer dentro de nós a fé e a religiosidade, também faz despertar o nosso sentimento altruísta, de pensarmos no próximo, faz despertar a nossa compaixão por todas as formas de vida. É o poder de Oxalá que nos torna generosos, honestos, que faz despertar dentro de nós a vontade de ter uma condição moral mais elevada.

É o poder de Oxalá que mostra a necessidade de nós vivermos em equilíbrio. Em equilíbrio com nós mesmo, cultivando o nosso equilíbrio interior. E em equilíbrio com as outras pessoas, cultivando o equilíbrio exterior. É o nosso Pai Oxalá que vem trazer até nós a necessidade de sustentar a paz e, ao mesmo tempo, despertando dentro de nós o desejo de buscar sempre a verdade.

Tem alguns terreiros, a maioria ligados a cultos de nação, ao candomblé, que dividem a energia de Oxalá em duas: eles dividem Oxalá em Oxaguiã, que é o Oxalá novo (sincretizado com o menino Jesus) e Oxalufã (que seria o Oxalá já mais velho) que é sincretizado com a imagem Jesus Cristo. Mas assim, a Umbanda mesmo não faz essa distinção entre Oxaguiã e Oxalufã. Para a gente é simplesmente Oxalá.

E agora, para terminar essa homenagem aqui para o nosso Pai Oxalá, eu queria recitar para vocês uma poesia que foi passada pelo Pai Antônio. O Pai Antônio tem um amor imenso por Jesus e nessa poesia ele conta um pouquinho do que aconteceu, no plano espiritual, quando Jesus nasceu aqui na Terra. Vamos ouvir?

[Poesia – Luminosa Passagem]

Gente, essa poesia, apesar de parecer simples, ela expõe uma situação muito curiosa e delicada que aconteceu, no plano espiritual, quando Jesus desceu até a Terra. Porque milhares e milhares de espíritos se mobilizaram para proteger Jesus enquanto ele estava encarnado. Bom, mas isso aí vai ficar para um outro episódio. Eu pretendo comentar com vocês com mais detalhes essas informações que já foram passadas pelo plano espiritual.

Espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje. Eu sei que muita gente não vai conseguir ouvir esse episódio a tempo, por causa das festividades de final de ano, dos compromissos familiares, mas mesmo assim, eu quero desejar a todos um Feliz Natal! Um Feliz Natal na acepção mais pura que eu conheço, que é nos recolhermos para sentirmos a energia de Oxalá em nossas vidas, para que nós possamos desenvolver a nossa religiosidade, a nossa fé, a nossa espiritualidade. Para que nós possamos cultivar a nossa paz interior e espalhar a paz pelo mundo.

Um grande abraço para vocês, fiquem com Deus! Que o nosso Pai Oxalá acenda a sua luz dentro dos nossos corações! Epa Epa Babá!

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