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Os Estímulos Externos na Nossa Evolução

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Da mesma maneira que uma planta precisa de Sol, precisa da chuva e precisa da terra para crescer forte, nós também precisamos da energia dos Orixás em nossas vidas para fortalecermos o nosso espírito e prosseguir na marcha evolutiva.

Transcrição do Episódio

Olá, povo da Umbanda! Bom dia, boa tarde, boa noite a todos! Estamos iniciando mais um episódio do Podcast Alma de Poeta. E no assunto de hoje, a gente vai conversar sobre uma das leis mais importantes e perfeitas da Criação. Uma lei criada pelo nosso Pai Olorum, imutável e eterna. A gente vai conversar sobre a Lei da Evolução e os estímulos externos necessários para que essa Lei Maior seja colocada em prática na nossa existência. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e nesse podcast a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade, Mediunidade e também sobre as poesias de um querido preto-velho.

Eu já devo ter falado para vocês aqui no podcast que o nosso espírito, antes de entrar no reino do homem, já estagiou por diversos outros reinos da natureza. Então, nós já passamos pelo reino vegetal, pelo reino animal, hoje nós estamos no reino do homem e talvez daqui a milhões e milhões de anos, o nosso espírito consiga subir mais um degrauzinho da evolução, em direção a reinos mais aperfeiçoados que o nosso. Reinos que ainda são desconhecidos da humanidade terrestre, mas que são uma realidade em outros mundos superiores ao nosso.

E para que isso aconteça, para que a gente possa evoluir, nós precisamos nos entregar a essa Lei de Deus que nos faz crescer como espíritos em uma marcha ascendente initerrupta. Lá no início da nossa escalada, quando a gente estava nos primeiros degrauzinhos da evolução, nós precisávamos muito de estímulos externos, da ajuda dos fenômenos climáticos da natureza para despertar a nossa consciência.

Aliás, esse é o principal motivo pelo qual nós temos a necessidade de estagiar nos ambientes mais densos da matéria. A gente precisava de estímulos externos para fazer o nosso espírito avançar. Vocês estão entendendo? Eu vou dar um exemplo para vocês… Imagina que você tem um punhado de sementes de laranja na mão. Se você pegar esse punhado de sementes e guardar dentro de uma caixinha, ela vai ficar lá, inerte, não vai acontecer nada com elas, porque ela não tem nenhum estímulo externo para fazer ela crescer.

Mas, a partir do momento que você pega essa semente, planta na terra e começa a regar ela regularmente, o que vai acontecer? A semente vai despertar. Ela vai começar a brotar, vai germinar, vai começar a rasgar a terra em direção à Luz do Sol. Perceba que até uma sementinha precisa de estímulos externos para crescer.

E a lei de Deus é a mesma, tanto para aquela sementinha quanto para nós, espíritos em evolução. Porque, gente, se Deus criasse os espíritos e guardasse eles, assim como nós guardaríamos aquelas sementinhas de laranja dentro de uma caixa, o que aconteceria? O nosso espírito ficaria estagnado. Nós seríamos eternas sementinhas guardadas por Deus. Só que o nosso Pai Olorum não quer isso para nenhum de nós! Ele quer que nós nos tornemos árvores frondosas e frutíferas.

É por isso que ele planta o nosso espírito na matéria densa do mundo. É por isso que nós temos a necessidade de encarnar em corpos físicos. Da mesma maneira que nós plantamos uma sementinha de laranja na terra, para que ela sofra os estímulos externos e comece a crescer, Deus também planta o nosso espírito no mundo, para que nós sejamos impulsionados pelos efeitos físicos da matéria, efeitos esses que agirão externamente, fazendo a nossa consciência germinar.

Eu já ouvi muita gente questionar assim: “Por que existe a necessidade de eu reencarnar? Eu poderia ficar muito bem lá no Plano Espiritual sem precisar passar por essas desventuras da vida.” Será? Não seria a mesma coisa de Deus pegar você e guardar dentro de uma caixinha? Se você não estivesse passando por essas sucessivas reencarnações no plano físico, você não teria o grau evolutivo que você tem hoje, você não teria esse grau de consciência que você tem, ao ponto até de questionar as Leis Imutáveis daquele Ser Supremo que te criou.

Olha só que interessante! Pela própria bondade do nosso Pai Olorum, ele permite que a gente desenvolva o nosso senso crítico, chegando até mesmo ao ponto de questionar as leis que regem a nossa evolução. E não precisa ficar cheia de dedos quando isso acontece, porque é exatamente isso que Deus quer da gente, que a gente desenvolva a nossa inteligência, que a gente desenvolva a nossa percepção.

Se vocês pararem para pensar, hoje ainda nós precisamos muito de estímulos externos. É por isso que a gente ainda tem a necessidade de reencarnar nesse mundo, de sentir dor, de sofrer, de enfrentar desafios. Porque a gente ainda precisa da ajuda do mundo físico para despertar a nossa consciência. Então, tem vida que a gente nasce rico, tem vida que a gente nasce pobre, tem vida que a gente nasce doente, tem vida que a gente nasce saudável. O nosso espírito precisa passar por essas diferentes experiências reencarnatórias para que ele vá acumulando conhecimento, para que ele vá desenvolvendo lentamente os seus sentimentos mais nobres. Tem vida que você nasce homem, tem vida que você nasce mulher, tem vida que você nasce branco, tem vida que você nasce preto, tem vida que você nasce amarelo.

Pouco importa a condição da vida que você está vivendo hoje! O que importa são os estímulos externos que o seu espírito está absorvendo para crescer forte em direção à energia dos nossos Orixás. Porque gente, da mesma maneira que os eventos climáticos servem de estímulo externos para as plantas crescerem, os nossos Orixás servem de estímulo externo para o nosso espírito se desenvolver.

Da mesma maneira que uma planta precisa de Sol, precisa da chuva e precisa da terra para crescer forte, nós também precisamos da energia de Oxalá em nossas vidas, nós precisamos de Oxum, nós precisamos de Obaluaê, nós precisamos de Iemanjá, nós precisamos de Oxóssi, nós precisamos de Ogum. É o poder dos Orixás que vai atuar em nossas vidas, servindo de estímulo externo para o nosso crescimento espiritual. Os nossos Orixás atuam como irradiações de Deus que alimentam constantemente a nossa alma.

Só que chega um momento, gente, que o espírito atinge um grau tão grande de auto-percepção, que os estímulos externos deixam de ser importante para o crescimento espiritual dele. Nesse momento, o espírito já não tem mais a necessidade de ser plantado, de reencarnar. Chega um determinado momento que nós nos tornamos autossuficientes do nosso próprio crescimento espiritual, chega um momento em que nós já não precisamos mais de estímulos externos. Daí, nós não vamos mais precisar sentir dor, nós não vamos mais precisar passar pelas agruras do plano físico. Só que no estágio evolutivo que a gente se encontra hoje, ainda vai demorar muito para isso acontecer. Pai Oxóssi ainda vai precisar jogar muito adubo na nossa plantação, para que a gente continue crescendo fortes e saudáveis.

E como é que a gente faz para acelerar esse processo de crescimento? Até agora, eu falei para vocês de estímulos externos. Mas nós, aqui nesse mundo, já temos a capacidade de começar a substituir os estímulos externos por estímulos internos. É aí que acontece a grande mágica na nossa evolução, é nesse momento que ocorre o grande salto do espírito!

Porque quando você começa a olhar para dentro de si mesma, você começa a tomar as rédeas da sua vida, você começa a construir o seu próprio caminho. E a partir do momento que você constrói o seu caminho, você começa a escolher as experiências pelas quais você quer passar ou, pelo menos, você começa a ter a percepção dos pontos que você ainda precisa desenvolver.

E para que isso aconteça, é fundamental que a gente comece a cultivar bons sentimentos de nós, que a gente comece a cultivar bons pensamentos, cultivar boas ações. Só assim, a gente vai começar a substituir os estímulos externos por estímulos internos. E vocês vão perceber que a atuação dos Orixás em nossas vidas também vai se modificar. Eles vão deixar de agir externamente, provocando situações, e vão começar a agir no nosso interior, auxiliando na nossa reforma íntima, ajudando nesse despertar que vai nos conduzir a patamares mais elevados.

Nossa, eu estou falando de Orixás aqui e me deu uma vontade de ouvir um ponto. Ouve só que ponto lindo esse que vai tocar agora! Eu amo esse ponto!

[Ponto Cantado – Tantas Batalhas Venci]

Que ponto maravilhoso esse, né gente? Na verdade, esse é um ponto cantado de terreiro, que foi composto por Henrique de Oxóssi e maravilhosamente interpretado pela cantora Adriana B. Uma homenagem linda aos nosso Orixás, mostrando a conexão que nós umbandistas temos com essas energias divinas. “Fui humilhado e Xangô me defendeu, fui perseguido, Oyá com os ventos me escondeu, caí doente, Omulú quem me curou, estava sujo, Iemanjá quem me banhou” é lindo esse ponto!

E a partir do momento que a gente começa a internalizar essa energia divina, os nossos Orixás Sagrados começam a atuar na nossa vida, deixando ela cada vez melhor. Os Orixás deixam de atuar exteriormente, conduzindo o nosso destino, para atuar no nosso interior. Oxalá, principalmente, né, que é o Orixá que fortalece a nossa fé. É por meio da atuação de Oxalá que nós fortalecemos a nossa fé nos demais Orixás.

Chega um momento da evolução do espírito que os Orixás falam assim: “meu filho, você já tem maturidade o suficiente para caminhar com as próprias pernas. Você já não precisa mais de estímulos externos para construir o teu futuro. Você já está se tornando senhor de si mesmo”. Esse é o patamar que já chegaram muitos dos nossos guias espirituais. Muitos Pretos-Velhos, Caboclos, Marinheiros, Ciganos já são senhores do seu destino. Eles já não precisam mais reencarnar nesse nosso mundo para receberem estímulos externos. Eles já estão em um outro degrau de evolução.

E eles lutam diariamente, eles se esforçam para que nós também consigamos chegar nesse grau que eles estão hoje. E eles fazem isso, não é por interesse. É por amor! Amor a mim, amor a você, amor a essa humanidade que ainda está engatinhando nas lições mais rudimentares da vida. Mas vai chegar um momento em que todos nós caminharemos com desenvoltura, não nos preocupando mais com as adversidades do mundo, mas simplesmente lutando para o nosso aprimoramento pessoal. É isso que eles esperam de nós e é isso que nós precisamos nos esforçar para conseguir.

E já que a gente está falando de evolução, eu vou compartilhar com vocês mais uma poesia passada pelo plano espiritual. Dessa vez, vocês vão ouvir um relato de uma entidade espiritual que hoje trabalha como um Exú. E ele, assim como todos nós, teve os seus momentos de ignorância, momentos em que o seu espírito ainda estava adormecido para as leis divinas que regem esse Universo. Vamos ouvir o relato que ele nos passou?

Aquele foi um tempo duro
Para o meu espírito impuro
Só havia desgraça no ar.
Não pensava no futuro,
Vivia perdido no escuro,
Recusando-me a despertar.

Muita gente eu fiz sofrer.
Causando dor, por prazer,
Divertia-me a torturar.
Recusava-me a perceber,
Na ignorância do meu ser,
Necessidade de melhorar.

Nesse tempo de escuridão,
Derrubava qualquer irmão
Que ousasse me enfrentar.
Sempre com arma na mão,
Não conhecia o perdão,
Não hesitava em matar.

Em poucos anos de vida,
Na minha volúpia incontida,
Muitos corpos fiz mutilar.
Com minha alma perdida,
Abri chagas e feridas
Fazendo a dor aumentar.

Mas um dia, tudo mudou,
Pois a morte se revelou,
Implacável, a me cobrar.
O último suspiro exalou,
E o monstro, então, se calou,
Num doloroso despertar.

Daquele dia em diante, 
Havia uma dor lancinante,
Demais para suportar.
Sofrimento no semblante,
Arrependimento constante,
Só queria recomeçar.

A tristeza era infinita.
Tinha a consciência aflita
E as vítimas a me acusar.
Sofri toda minha desdita
Por uma existência maldita
Que não gosto nem de lembrar.

Morrer, então? Não foi nada!
Foi, antes, a grande piada
Da qual me pus a chorar.
Tive a alma dilacerada,
Por uma vida desregrada
Que não podia consertar.

A caridade se fez presente,
E desta alma doente,
O Pai resolveu cuidar.
Hoje eu trabalho contente,
Protegendo este ambiente
Que aprendi a chamar de lar.

Aos poucos a dor se abranda,
Daquela existência nefanda
Vou tentando me libertar.
Vivo com o Povo da Banda,
Feliz, quebrando demanda, 
A todos buscando ajudar.

Quando recebi o convite,
Por mais que ninguém acredite
A felicidade vibrou no ar!
Esforço-me, então, no limite,
Ajudando a quem Deus permite,
Para esse mundo melhorar.

Olha só quanto ensinamento passado por meio de um simples testemunho de vida. Um espírito que no passado, foi assim como nós, cheio e imperfeições. E que o próprio destino acabou conduzindo, por meio de sofrimento e dor, até que ele finalmente despertasse a sua consciência. Percebam que foram estímulos externos que fizeram esse espírito acordar das trevas da ignorância onde ele dormia.

O Pai Antônio conta que há muitas e muitas encarnações passadas, esse foi um espírito marginal. Ele foi aqui na Terra o que seria, mais ou menos, o equivalente hoje em dia a um gangster, um chefe de quadrilha, um bandido. E como a própria poesia diz, ele cometeu muitas atrocidades, naquele passado obscuro que ele teve.

E olha, pessoal, antes de julgar, lembrem-se que todos nós, sem exceção, tivemos passados obscuros em encarnações anteriores. A gente só não lembra delas, por um esquecimento temporário que é necessário que aconteça, para que a gente tenha o mínimo de paz de espírito para continuar evoluindo.

Porque imagina se a gente lembrasse de todas as coisas errada que a gente fez em encarnações anteriores, o grau de perturbação que o nosso espírito não teria? Porque, se nós estamos vivendo essa vida hoje, encarnados novamente em um novo corpo físico, muito provavelmente é porque nós já nos arrependemos das coisas ruins que nós fizemos no passado.

Muito provavelmente, a gente pediu a misericórdia de Deus, lá no plano espiritual, para nos conceder uma nova oportunidade de recomeço. E o esquecimento temporário, gente, é uma benção para o espírito reencarnado. A gente não aguentaria viver aqui na Terra, lembrando das insanidades que nós fizemos em outras vidas.

Mas, vamos lá, voltando para a poesia… Todos nós despertamos para a luz, por meio da dor, não tem um caminho diferente. Com aquele espírito também aconteceu a mesma coisa. E aquela encarnação dele, em particular, foi tão desastrosa, que ele acabou acumulando muito sofrimento, muitos desafetos. E quando ele desencarnou, ele sofreu muito no plano espiritual, pelas atitudes que ele teve quando encarnado.

Só que a Justiça de Deus é tão perfeita, que tudo o que a gente faz, independente de ser bom ou ruim, acaba revertendo para o nosso crescimento interior. Finalmente caiu a ficha para aquele espírito da necessidade que ele tinha de se melhorar. E quando acontece esse momento mágico na nossa trajetória evolutiva, a gente recebe o maior presente que o nosso Pai Celestial pode nos oferecer, que é a misericórida dele para que a gente tenha a oportunidade de resgatar os nossos erros.

Hoje, depois de ter resgatado todos os seus erros, depois de ter estudado e aprendido muito, essa entidade recebeu a permissão da Egrégora da Umbanda para trabalhar como um Exú de Lei, um guardião, um protetor. E olha só que bacana: Aquela habilidade que tinha para fazer o mal, hoje ele usa para fazer o bem. Se antes, ele usava toda aquela truculência para prejudicar as pessoas, hoje ele faz exatamente o contrário. Ele usa aquela truculência dele para ajudar, para proteger.

Eu não sei se vocês repararam, mas os Exús, pelo menos na sua grande maioria, tem uma característica assim muito peculiar, né? São espíritos que se manifestam, às vezes, de uma maneira meio rude. Alguns Exús tem uma forma ríspida de falar. E eles falam dessa maneira, porque é o jeito deles, mas isso não significa que eles não sejam espírito bons, comprometidos em ajudar as pessoas. Assim como essa Entidade da poesia, outros Exús também sofreram muito, também passaram poucas e boas, mas eles aprenderam com os seus erros e eles evoluíram.

Eles evoluíram ao ponto de nos ajudar por amor, sem exigir nada em troca. Os Exús verdadeiros não tem mais a ganância que eles tinham, eles já se desapegaram totalmente às ilusões do mundo. E quando eles vão lá no baixo-astral, eles vão apenas com o intuito de ajudar quem já está em condições de ser ajudado e de colocar ordem e disciplina em locais onde ainda prevalece a ignorância e a maldade.

E assim, a gente termina mais esse episódio. Eu espero que vocês tenham gostado. Se vocês ficaram com alguma dúvida, algum questionamento, se vocês não concordaram com alguma coisa que eu disse, mandem uma mensagem para mim que eu gostaria muito de saber a opinião de vocês sobre os assuntos que são tratados aqui no podcast.

E não deixem de acompanhar os próximos episódios e também de indicar o Alma de Poeta para as pessoas que vocês querem bem e que vocês sabem que gostam desse assunto de Umbanda e Espiritualidade. Eu fico muito agradecido e eu agradeço também, em nome da Espiritualidade, por vocês estarem ajudando a difundir as mensagens, as poesias e as nossas conversas.

E se você está curtindo o Pocast e ainda não sabe, o Alma de Poeta está presente nas principais plataformas de áudio. Você pode acompanhar pelo Spotify, pelo Deezer, Amazon Music, Google Podcast, Apple Podcast, Youtube e também pelo nosso site: almadepoeta.com.br. Vocês pode entrar lá, mandar uma mensagem para mim, dizer o que vocês estão achando desse nosso trabalho. Eu vou ficar muito feliz!

Um grande abraço a todos, fiquem com Deus! Que o nosso Pai Oxalá continue abençoando a vida de vocês e até o nosso próximo encontro.

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1 comentário
  • Amei saber sobre os Exus.
    Tenho grande admiração pôr eles, depois dessa história de vida deles admiro muito mais ainda.

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