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As Marias da Umbanda

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Hoje nós vamos conversar um pouco sobre esse nome tão lindo e sagrado no Cristianismo! E vamos conhecer também as Marias que trabalham na Umbanda. Vamos falar ainda sobre o por quê de tantas Entidades usarem o mesmo nome dentro dos trabalhos de Umbanda.

Transcrição do Episódio

Olá, meu povo de Umbanda! Galerinha do Axé! Tudo bem com vocês? Eu estou aqui, gravando esse episódio, nessa tarde de domingo maravilhosa. Eu peço aos nossos guias, à Espiritualidade nos acompanha e aos nossos Orixás que a semana que se inicia seja abençoada para todos nós, que seja uma semana de muita paz, de muita prosperidade, de muitas realizações, muito amor. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e nesse podcast a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade, Mediunidade e também sobre as poesias do Pai Antônio. No episódio de hoje, a gente vai conversar um pouquinho sobre as Marias da Umbanda! Vocês conhecem? Que nome lindo esse, né gente? Maria!

Mas antes de começar a conversar sobre esse tema, eu queria compartilhar com vocês um momento de felicidade! A Bárbara, de Bauru, interior de SP, mandou uma mensagem linda para mim. Eu fiquei sem palavras de tanta gratidão, de tanto carinho! E eu queria compartilhar com vocês o diálogo que a gente teve na nossa troca áudios:

[Áudio da Bárbara] [Áudio do Evandro]

É isso, minha irmã! Gratidão! Gratidão por ouvir o podcast. Gratidão por enviar essa mensagem tão linda. Eu me sinto muito grato por essa demonstração tão espontânea de carinho que você teve.

E agora, vamos começar a falar sobre o assunto desse episódio. Espero que vocês gostem. Eu me programei aqui para conversar um pouco sobre as Marias da Umbanda. E esse é um nome sagrado, né? Tanto na Umbanda quanto na Igreja Católica.

E a fama das Marias começou lá atrás, há mais de dois mil anos. E a maior de todas as Marias se chama simplesmente Maria. Maria de Nazaré, aquela que carregou no ventre o espírito de maior envergadura que esse mundo já conheceu. A Maria Santíssima, a Virgem Maria. A eleita dos céus para conceber aqui na Terra o Messias prometido. E depois vieram outras Marias, tão importantes quanto a primeira: talvez a segunda mais famosa da Bíblia seja Maria de Magdala, que depois se transformou em Maria Madalena.

Dizem que essa foi a discípula mais dedicada a Jesus. Eu não quero entrar aqui em polêmicas, mas alguns evangelhos apócrifos, aqueles que não são aceitos pela igreja católica, apontam Maria Madalena como sendo a esposa de Jesus. Enfim, isso é uma discussão que não vem ao caso aqui… Além dessas, nós encontramos também Maria Jacobina, Maria Salomé, A Maria mãe de Tiago, a Maria, irmã da Marta… Uma infinidade de Marias.

E na Umbanda a gente também encontra muitas Marias. Espíritos de luz, espíritos comprometidos com o bem. São falanges inteiras que atuam com nomes famosos, nomes que os Umbandista conhecem de cor e salteado. Maria Navalha, Maria Padilha, Maria Mulambo, Maria Farrapo, Maria Caveira, Maria do Balaio, Maria Quitéria, Maria Redonda, Maria do Cais, Tia Maria… dentre tantas outras… Salve a força e a luz de todas essas Marias!

E esse nome lindo: Maria, na verdade é uma pronúncia do Latim. Mas o nome vem do hebraico, que originalmente se falava Miriam. E Miriam, por sua vez, vem de um antigo nome egípcio que eu não sei direito como se pronuncia. Deve ser algo parecido “mr” ou “mry”. Eu acho que a pronúncia deve ser mais ou menos essa, e que significava “amada” ou amor”. Se bem que tem outra teoria que fala que Maria significa “senhora soberana”. Tem uma outra teoria que fala que Maria significa “Mar de Lamúrias”. Enfim, é uma confusão só tentar descobrir a origem e o significado desse nome. Na verdade, ninguém sabe ao certo de onde veio o nome Maria. São apenas suposições.

E sabe uma curiosidade histórica? Logo depois da crucificação de Jesus e nos primeiros séculos que se seguiram, quando começou a perseguição aos cristãos lá no império romano, quase ninguém colocava o nome nas filhas de “Maria”. E sabe por quê? Porque o nome Maria, na época, entregava que a família era simpatizante do cristianismo. E daí essas famílias eram presas, torturadas, martirizadas. Então, para as pessoas evitarem qualquer tipo de perseguição, por parte do império romano, eles evitavam colocar o nome de Maria nas suas filhas.

Em compensação, na idade média, o que mais tinha era Maria. Porque as pessoas tinham medo da igreja nessa época. Olha só os extremos a que chegou o cristianismo. No império romano eles não colocavam o nome de Maria porque tinham medo de serem considerados cristãos. E na idade média eles faziam questão de colocar maria no nome porque tinham medo de não serem considerados cristãos! As pessoas colocavam o nome de Maria para mostrar que realmente eram católicas fervorosas. Por isso que Maria se tornou um nome extremamente difundido em todos os países cristãos desde a idade média.

Bom, mas vamos voltar aqui para Umbanda. Talvez por essa construção sagrada que ocorreu, no decorrer dos séculos, em torno do nome Maria, falanges inteiras de espíritos se formaram para trabalhar utilizando esse nome.

Deixa eu aproveitar que eu estou falando disso e explicar uma coisa para vocês: se vocês forem num terreiro, vocês vão notar que várias pessoas recebem “Maria Padilha”, por exemplo. Às vezes, num único terreiro, duas-três-quatro médiuns recebem entidades que se apresentam como “Maria Padilha”. Daí eu já vi gente questionar o seguinte: “mas como assim? Como que uma única entidade consegue se manifestar em vários médiuns diferentes? Será que isso é possível?”

Bom, gente, não é a mesma Entidade, né? Que isso fique bem claro. São espíritos diferentes que trabalham na mesma falange, no mesmo agrupamento. Então, nesse exemplo que eu estou dando, existe um agrupamento de espíritos femininos que se apresentam como “Maria Padilha”. Esse é o nome real do espírito que está se manifestando? Não! Esse é o nome de guerra. Foi dada a permissão para aquele espírito trabalhar na Egrégora da Umbanda utilizando o pseudônimo de Maria Padilha. Isso diminuiu a grandeza daquele espírito?

Claro que não! Aquela Entidade é tão competente no que faz, que ela foi aceita pela própria Maria Padilha para representá-la nas giras de Umbanda. Isso significa, gente, que Maria Padilha, realmente existe. Ela é a chefe daquela falange, a que coordena as atividades de todas as entidades que estão subordinadas a ela.

Daí, vocês médiuns umbandistas, podem me perguntar o seguinte: mas e aí? Você está falando que nós recebemos representantes de Maria Padilha. Pode acontecer de um médium ou uma médium receber a chefe de falange? Aquela que realmente foi Maria Padilha encarnada, aquela que deu origem ao nome? Olha, gente, até pode, mas eu acho muito difícil que isso aconteça. Porque quanto mais um espírito evolui, mais atribuições são conferidas a ele.

O espírito evoluído vai adquirindo cada vez mais responsabilidades. No caso de uma chefe de falange, ela é responsável por coordenar as atividades de centenas e centenas de espíritos que estão sob suas ordens. Por isso que eu acho muito difícil que uma chefe de falange baixe num terreiro para fazer um trabalho que uma subordinada dela poderia desempenhar com perfeição. Ela tem muito mais coisas com o que se preocupar. Vocês entendem?

Vamos fazer uma brincadeira aqui? Imagina que um terreiro de umbanda seja uma loja de roupa. Daí vai lá, entra na loja, vem uma vendedora para você e fala assim: “pois, não… eu posso te ajudar. Você precisa de alguma coisa?” Daí você fala, eu estou precisando comprar… sei lá… uma blusa. Só que eu não quero ser atendida por você, eu quero ser atendida pela dona da loja. Daí, a vendedora fica surpresa fala assim: desculpa, mas a dona da loja não está presente. Essa loja em que eu trabalho é uma rede. E a dona da loja precisa cuidar de todas as filiais. Mas não se preocupe, porque eu posso atendê-la com a mesma desenvoltura. Eu fui treinada para isso.

Agora vamos transportar esse exemplo para um trabalho espiritual. Você chega num terreiro e fala assim: “Oi, eu sou médium e eu quero trabalhar nessa casa. Eu preciso desenvolver a minha mediunidade”. Daí a entidade que te recebe fala assim: “Está bom, eu posso trabalhar com você. Eu atuo na falange de Maria Padilha”. Daí você fala assim: “eu não quero trabalhar com uma representante. Eu quero trabalhar com a Dona!”.

Daí, a Entidade surpresa responde: “olha, me desculpa, mas a minha chefe não tem disponibilidade para incorporar. Porque a falange onde eu trabalho é uma rede e a minha chefe precisa cuidar de todas as filiais. Ela tem muitas responsabilidades e não vai ter tempo para incorporar em você. Mas fica tranquila, porque eu posso fazer o mesmo trabalho que ela faz, com a mesma qualidade. Eu fui treinada para isso”.

Você percebe, nessa brincadeira que eu fiz, como chega ser até meio ridículo você querer trabalhar com uma chefe de falange. No caso da loja, por exemplo, a dona saberia vender uma peça de roupa para você? Claro que saberia. Ela conhece o produto que a loja vende como ninguém, afinal de contas, o negócio é dela. Só que ela tem muitas atribuições. Ela tem que cuidar de estoque, de funcionários, de fornecedores, da parte burocrática. Por mais que ela consiga e até mesmo queira te atender, ela tem coisas mais importantes e mais urgentes para fazer.

Com a espiritualidade é a mesma coisa. A chefe de falange amaria trabalhar diretamente com você, te ajudar a evoluir, mostrar o caminho das pedras. Só que lá no plano espiritual ela tem muitas atribuições. Ela tem coisas muito importantes para se preocupar. A chefe de falange já trabalha em outro nível, coordenando coletividades de espíritos. É por isso que ela delega aquela função para as suas subordinadas, que são tão capazes quanto ela de resolver aquele problema, de atender aquela pessoa.

Então é isso, gente. Eu nem sei por que que eu entrei nesse assunto de chefe de falange. Ah tá, eu estava falando sobre os nomes iguais das entidades, né? É por isso que todas as Entidades que são subordinadas à chefe de falange se apresentam com o nome da chefe de falange.

Por exemplo: tem um aglomerado de entidades espirituais que obedecem as ordens de um Espírito conhecido como Maria Mulambo. E todas essas entidades diretamente subordinadas à Maria Mulambo recebem a permissão da espiritualidade para se apresentar também como Maria Mulambo. É o nome de guerra delas.

E isso se dá em todas as linhas, está gente? Eu estou dando o exemplo aqui de Maria Padilha, Maria Mulambo, porque a gente estava falando de Marias. Mas isso também acontece na linha dos pretos-velhos, dos caboclos, das crianças, dos ciganos, de todas as linhas de trabalho da Umbanda. Isso é uma regra geral.

E olha só, eu não sei se vocês conseguiram pegar o espírito da coisa. Do porquê que existe essa regra no plano espiritual. Mas as entidades preferem utilizar o nome de guerra delas. Sabe por quê? Primeiro: para preservar o anonimato. Essas entidades de luz são tão humildes, que elas não se importam em falar para vocês quem elas foram aqui na Terra.

Às vezes você está trabalhando com um espírito que foi conhecidíssimo aqui no nosso mundo, que foi uma pessoa famosa, mas ela prefere se manifestar através de um pseudônimo genérico. Quem é você? Eu sou Maria Padilha. Está, mas quem você foi aqui na Terra, você foi importante. Isso não vem ao caso. para você eu me apresento como Maria Padilha, ponto. Eu não tenho permissão para revelar mais nada.

E os espíritos também preferem se manifestar com o nome de guerra, porque as falanges, lá no plano astral, elas são verdadeiros exércitos, né? Elas são temidas pelo baixo astral pelo poder que elas têm. Qual é o seu pelotão? Zé Pelintra. E você, em qual unidade você trabalha? Pai Joaquim de Angola. Vocês percebem? Para as Entidades, fazer parte de uma falange de trabalho dentro da Umbanda é meritório. Porque só depois de muito esforço, muito conhecimento, muito aprendizado é que o espírito recebe a permissão de atuar junto a determinada falange.

E as falanges, cada uma tem a sua especialidade, né? A falange de Maria Padilha, por exemplo, atua ajudando as pessoas nas ruas, nas encruzilhadas, nos becos. Muitas vezes faz um trabalho em conjunto com a falange dos Tranca-Ruas. Vamos ouvir um ponto aqui de Maria Padilha?

E a Maria Farrapo, por sua vez, ela atua numa faixa vibratória muito próxima à Maria Mulambo. As duas falanges costumam atuar nos cemitérios, na calunga pequena. Algumas casas costumam ensinar que Maria Farrapo atua numa faixa vibratória mais próxima à superfície, enquanto Maria Mulambo atua numa faixa vibratória muito mais baixa. Nas profundezas mesmo do plano espiritual. Mas assim, esses conceitos são apenas para gente ter uma ideia do trabalho que essas entidades desempenham na espiritualidade. Porque a realidade é muito mais complexa do que isso.

Por exemplo, existe uma falange chamada Maria Padilha das Almas, que também atua no cemitério. E Maria Mulambo e Maria Farrapo também podem fazer trabalhos fora da calunga. Vai da necessidade, vai do interesse, vai da permissão… Eu prefiro acreditar que essas três marias fazem um trabalho harmonioso de colaboração entre elas. O trabalho de uma complementa o trabalho da outra. A espiritualidade, na verdade, trabalha em conjunto, né? Não existe individualismo quando a gente fala de trabalhos com espíritos evoluídos.

E eu digo uma coisa para vocês, pessoal: toma cuidado quando vocês forem pedir coisas para o povo do cemitério. Porque dependendo do que vocês pedirem, pode voltar para vocês. Tem um ponto muito bacana que fala assim: “olha, não mexe com povo da calunga”. Presta atenção na letra desse ponto…

[Ponto do Povo da Calunga]

Eu adoro esse ponto porque ele traz muitos ensinamentos importantes. Tem uma parte do ponto que fala assim: “não faça aos outros o que não quer receber, pois o mal se torna o dobro quando volta para você”. E é a mais pura verdade! Tudo o que você fizer de mal para o próximo, vai voltar para você com uma intensidade muito maior. Xangô não dorme na sua justiça! Tem uma outra parte do ponto que fala assim: “tome cuidado com aquilo que pedir, pois perde a tranquilidade quem vive para destruir.”

Se você acha que vai viver bem depois de destruir a vida de uma pessoa, você está muito enganado! Mesmo que isso seja uma vingança por algo ruim que a pessoa tenha feito para você. Na Umbanda, o mal se paga com o bem, e não na mesma moeda. Se alguém te fez mal, revide! Mas revida fazendo o bem para aquela pessoa que te prejudicou. É difícil fazer isso? Lógico que é! É muito difícil! Muitas vezes está além das nossas forças! Mas apenas porque a gente ainda não tem capacidade de agir assim. Diferente dos espíritos de luz.

Vocês sabiam que muitas entidades de luz que trabalham com vocês, nessa vida, como guias ou mentores espirituais, foram suas vítimas no passado? Eu sei que é difícil de aceitar isso. Muitas vezes o nosso orgulho ou a nossa vaidade não admite que nós fomos pessoas ruins no passado. Mas isso acontece com mais frequência do que vocês imaginam.

E olha só que lindo isso: aqueles espíritos que foram prejudicados por atitudes nossas no passado, hoje ajudam os seus antigos algozes a evoluir. Eu estou falando isso, gente, por experiência própria. De coisas que já me foram passadas pelos guias da razão pela qual eu estou na Umbanda hoje e da razão pela qual eu tive que nascer com uma certa mediunidade. Isso é karma.

Bom, gente, como vocês viram, esse episódio aqui descambou, né? Eu comecei bonitinho, falando sobre as Marias e acabei puxando um assunto no outro, talvez guiado pela espiritualidade… e deixei rolar aqui as explicações que estavam vindo na minha mente. Espero que vocês tenham gostado. Se não gostaram ou se não concordam, me falem, me escrevam… entrem em contato comigo que a gente conversa e quem sabe eu aprendo um pouco mais com vocês também.

E se vocês gostaram, eu vou ficar super feliz de receber um feedback também. Quero aproveitar novamente para agradecer a Bárbara, por aquela mensagem linda que ela postou para mim no início do episódio. Saiba, Bárbara, que se você sente paz ouvindo o “Alma de Poeta”, eu sinto alegria por poder espetar em você esse sentimento. Eu só tenho a agradecer a todos vocês que ouvem essas mensagens passadas pela espiritualidade amiga que nos acompanha. E se tem alguma coisa aqui que eu falei errado, por favor, me perdoem. Esses erros não são deles, mas sim das limitações que eu tenho como médium.

Se você está curtindo o Alma de Poeta, participa! Entra lá no site almadepoeta.com.br e deixa uma mensagem para mim. Se você está aqui pela primeira vez e gostou do conteúdo, ouve os episódios anteriores. Se você não quiser ouvir pelo site, você também pode acessar o Alma de Poeta pelo Spotify, pelo Deezer, pelo Amazon Music, Google Podcast, Apple Podcast, o aplicativo que você preferir!

O pessoal já me perguntou: ah, Evandro, qual que é o seu insta, como eu faço para encontrar você no face? Gente, eu não tenho rede social. Vocês não vão me encontrar lá. Eu sou antissocial. Mas se vocês quiserem compartilhar os episódios do Alma de Poeta na sua rede social, fica à vontade! E eu agradeço muito por vocês divulgarem. Mas eu agradeço ainda mais por vocês ouvirem!

Um grande abraço para vocês, fiquem com Deus. E que nós possamos elevar o nosso pensamento a todas as Marias da Espiritualidade para que elas nos amparem e nos ajudem.

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