Transcrição do Episódio
Olá, meus irmãos e minhas irmãs de podcast! Tudo bem com vocês? Eu já tomo a liberdade de chamar todos vocês de irmãos e irmãs de podcast, porque depois de tantos episódios, recebendo o carinho, incentivo, sugestões e críticas, eu já considero vocês como parte da minha família espiritual. E hoje a gente está chegando no nosso quinquagésimo episódio. E eu espero que nós possamos estar cada vez mais unidos no propósito de trocar conhecimentos, de despertar a nossa espiritualidade. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e nesse podcast a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade, Mediunidade e também sobre as poesias do Pai Antônio.
No episódio hoje, eu gostaria de recitar para vocês mais uma poesia recebida do plano espiritual que conta o desabafo de um Exú. Esse espírito, assim como todos nós, também passou por um processo evolutivo. Não é porque hoje ele é um Exú de Lei, comprometido com o bem, trabalhador da Umbanda, que ele sempre foi desse jeito. Assim como nós também fomos, no passado, muito piores do que somos hoje. A gente evolui com o decorrer dos milênios, com o decorrer das sucessivas reencarnações. E muitas vezes, as experiências mais tristes no mundo, são aquelas que fazem o espírito despertar mais rápido.
É quando o espírito acorda a sua consciência para as coisas que ele fez de errado e para as coisas que ele precisa fazer. A poesia que o Pai Antônio me passou conta exatamente uma das encarnações que esse espírito teve, quando ele ainda era ignorante das Leis de Deus. O relato foi feito pela própria Entidade ao Pai Antônio que transformou a sua história em versos. Eu, da minha parte, tento recitar a poesia aqui da maneira mais clara possível, mas muitas vezes, as minhas habilidades de poeta deixam a desejar e eu não consigo transmitir, por meio da minha entonação, todo o sentimento que a poesia traz. Eu espero que vocês compreendam e perdoem essa minha limitação.
Aquele foi um tempo duro
Para o meu espírito impuro
Só havia desgraça no ar.
Não pensava no futuro,
Vivia perdido no escuro,
Recusando-me a despertar.
Muita gente eu fiz sofrer.
Causando dor, por prazer,
Divertindo-me a torturar.
Recusava-me a perceber,
Na ignorância do meu ser,
Necessidade de melhorar.
Nesse tempo de escuridão,
Derrubava qualquer irmão
Que ousasse me enfrentar.
Sempre com arma na mão,
Não conhecia o perdão,
Não hesitava em matar.
Em poucos anos de vida,
Na minha volúpia incontida,
Muitos corpos fiz mutilar.
Com minha alma perdida,
Abri chagas e feridas
Fazendo a dor aumentar.
Mas um dia, tudo mudou,
Pois a morte se revelou,
Implacável, a me cobrar.
O último suspiro exalou,
E o monstro, então, se calou,
Num doloroso despertar.
Daquele dia em diante,
Havia uma dor lancinante,
Demais para suportar.
Sofrimento no semblante,
Arrependimento constante,
Só queria recomeçar.
A tristeza era infinita.
Tinha a consciência aflita
E as vítimas a me acusar.
Sofri toda minha desdita
Por uma existência maldita
Que não gosto nem de lembrar.
Morrer, então? Não foi nada!
Foi, antes, a grande piada
Da qual me pus a chorar.
Tive a alma dilacerada,
Por uma vida desregrada
Que não podia consertar.
A caridade se fez presente,
E desta alma doente,
O Pai resolveu cuidar.
Hoje eu trabalho contente,
Protegendo este ambiente
Que aprendi a chamar de lar.
Aos poucos a dor se abranda,
Daquela existência nefanda
Vou tentando me libertar.
Vivo com o Povo da Banda,
Feliz, quebrando demanda,
A todos buscando ajudar.
Quando recebi o convite,
Por mais que ninguém acredite
A felicidade vibrou no ar!
Esforço-me, então, no limite,
Ajudando a quem Deus permite,
Para esse mundo melhorar.
Eu não sei se vocês perceberam, mas essa é a percepção que eu tive de todas as poesias que eu já recebi até hoje do plano espiritual, mas toda história envolvendo o povo da esquerda traz um passado meio obscuro, né? São histórias de muita dor, de muito sofrimento, de muitas atitudes erradas, muito arrependimento… Ao contrário das experiências passadas pelos pretos-velhos. Nas poesias de preto-velho, eu percebo que eles também sofreram, né? Afinal de contas, a vida como escravo não foi fácil. Mas o passado deles é diferente. A experiência sofrida que eles tiveram aqui na Terra foi enfrentada com muita resignação, com muita mansuetude.
O povo da esquerda, por sua vez, pelo menos nas poesias que me foram passadas, eles deram causa a sofrimentos. Ou então, eles sofreram, mas eles revidaram na mesma moeda. Lembra da história da Pombajira? E essas atitudes surtiram consequências no mundo espiritual. Eles acabaram colhendo do lado de lá tudo o que eles plantaram aqui na Terra. E todos eles, sem exceção, precisaram de novas encarnações para pagar o débito que adquiriram perante a sua própria consciência.
No caso dessa poesia, por exemplo, a história não deixa muito clara, mas o que me foi passado, depois, é que esse espírito, nessa encarnação passada, ele atuava na criminalidade. Pelo que o Pai Antônio falou para mim, o cara era um traficante de armas. Ele ganhava a vida vendendo armas para outros delinquentes. E o senso de moral e de justiça para esse espírito era tão baixo naquela época que ele não pensava duas vezes quando alguém entrava no seu caminho.
Ele simplesmente matava a pessoa ou torturava a pessoa por diversão. O próprio espírito fala na poesia: “muita gente eu fiz sofrer, causando dor, por prazer, divertindo-me a torturar”. E em outro ponto da poesia ele fala: “nesse tempo de escuridão, eu derrubava qualquer irmão que ousasse me enfrentar. Sempre com arma na mão, não conhecia o perdão. Não hesitava em matar”.
Só que toda atitude inconsequente tem um fim. Chega uma hora em que a espiritualidade coloca um “basta” nos nossos desmandos. O espírito conta que um dia, a morte chegou para ele, como chega para todos nós! E nesse dia, aquele monstro terrível se calou. Porque ele acordou, no plano espiritual, numa situação lamentável. Todas aquelas pessoas que ele tirou a vida ou que ele torturou na Terra queriam desforra, queriam vingança. Imaginem o desespero desse espírito de ser aprisionado, acusado, julgado, agredido por todas aquelas vítimas que ele fez quando em vida!
E chega uma hora que o espírito lá no baixo astral sofre tanto, que ele acaba refletindo sobre o porquê que tudo aquilo está acontecendo. É nessa hora que o espírito se arrepende. E quando eu falo se arrepende, eu não estou falando da boca para fora. É um arrependimento interno mesmo! É um arrependimento sincero. E a espiritualidade socorrista que trabalha lá no baixo astral, elas conseguem identificar quando o espírito se arrepende de verdade, porque a vibração dele muda.
A coloração da sua aura se transforma. Os espíritos no baixo astral são socorridos, não pelas palavras de arrependimento que saem da sua boca, mas sim pela mudança vibratória que acontece no seu corpo astral, quando ele se arrepende sinceramente. É muito fácil para os espíritos de luz identificar quando um espírito está realmente mudado, quando ele teve uma mudança interior. E quando ele pede ajuda apenas para se livrar daquela situação em que ele se encontra.
O espírito conta que a morte do corpo físico, para ele, foi o de menos! Porque o que ele encontrou no mundo espiritual foi muito pior do que a morte que ele teve aqui na Terra. E olha que a morte dele foi trágica, né? Ele foi assassinado por pessoas que almejavam o seu posto de comando. Mas o que eu quero dizer para vocês é que todos esses testemunhos que a gente recebe, de espíritos que sofreram no astral inferior, trazem um “modus operandi”, né?
A regra é a seguinte: a pessoa leva uma vida errada aqui na Terra, morre, vai para o astral inferior. Sofre todo tipo de padecimento que a gente nem imagina. E depois, quando se esgota todo aquele sentimento ruim do espírito, quando esgota a energia negativa que aquele espírito carregava, ele é socorrido por falanges abnegadas de irmãos evoluídos, que dedicam a sua existência a ajudar esses espíritos sofredores. E eles são encaminhados para locais de recuperação. E é nesses locais que eles vão poder se fortalecer, se reequilibrar, para enfrentar novas experiências no plano físico a fim de zerar o débito que eles têm com a própria consciência.
A caridade de Deus sempre se faz presente nas nossas vidas. A gente sempre recebe novas oportunidades de recomeço. Se Jesus disse que a gente tem que perdoar setenta vezes sete, o nosso Pai Supremo perdoa sempre! Só que perdoar não significa isentar você das duas responsabilidades, né? Existe uma Lei Universal a ser seguida. E essa lei não comporta nenhum tipo de exceção. Então, o perdão de Deus ocorre na medida em que ele nos oferece oportunidades de reajuste. Se eu estou trabalhando na Umbanda hoje, esse é o perdão que eu pedi para Deus. Essa é a oportunidade que Deus está me oferecendo pelos desatinos que eu cometi no passado.
A espiritualidade de luz chega para você lá no plano espiritual e fala assim: “filho, Deus já perdoou as suas faltas. Cabe agora a você se perdoar, para ficar em paz com a sua consciência. Se você quiser, nós te ofereceremos uma nova oportunidade reencarnatória para você se reajustar perante si próprio e para você se reajustar perante aquelas pessoas a quem você prejudicou. Você aceita?” E a partir da sua decisão, porque, na maioria das vezes você tem o livre arbítrio de aceitar ou não as provas que te oferecem, começa a ser elaborado um novo plano reencarnatório, condizente com as lições que o seu espírito ainda precisa absorver.
Muitos espíritos pedem uma vida dura, justamente para poder tirar o atraso. Só que o que acontece? Muitas vezes, os nossos irmãos evoluídos, que são muito mais experientes do que nós nesse assunto, eles nos advertem assim: “olha, talvez você não tenha força o suficiente para passar por essa vida dura que você está pedindo. Você não acha que é melhor programar uma encarnação um pouco mais tranquila, para você ir pagando essa sua dívida em suaves prestações, de acordo com a sua capacidade?”. Porque não adianta nada você achar lá na espiritualidade que vai conseguir passar por determinadas experiências sofridas e quando chega aqui na Terra, acaba sucumbindo. Daí vai ser mais uma encarnação perdida, muitas vezes até agravando o débito que tínhamos antes.
Eu lembro de uma moça, uma vez, que foi fazer um tratamento espiritual num centro espírita para filha dela que era tetraplégica. A filha dela nasceu com esse problema e não conseguia mexer nada do pescoço para baixo. Ela vivia num estado quase vegetativo… Não era vegetativo porque ela tinha plena consciência das coisas, do mundo… Ela conseguia conversar com as pessoas. De uma certa maneira ela conseguia interagir. Eu acho que essa menina, na época, devia ter por volta de 13 ou 14 anos. Só que chegou um momento da vida dela, que ela simplesmente parou de querer se alimentar. E a mãe ficou desesperada, né? Levou ela em vários médicos, chegaram até a fazer aquela alimentação por sonda. Só que a menina se recusava a comer qualquer coisa. Parecia que ela tinha desistido da vida.
E eu lembro que quando essa menina foi atendida, a entidade falou para a mãe que estava do lado. Olha, a sua filha nasceu nessa condição de incapacidade porque foi um pedido dela mesma antes de nascer. E o pedido foi atendido pela espiritualidade. O que acontece é o seguinte… Daí a Entidade incorporada virou para a menina e falou assim: “nas três últimas encarnações que você teve, você sucumbiu. Você tirou a própria vida. Você não teve forças suficientes para enfrentar os desafios que aquela encarnação estava te oferecendo. Então você pediu para renascer nessa vida como tetraplégica, porque dessa maneira, você não teria meios de se suicidar. E a espiritualidade atendeu o seu pedido. Só que agora que você está vivendo a encarnação que você mesma pediu, você está procurando um meio de desencarnar. Mas toma cuidado, porque se você conseguir o que está tentando fazer, esse desencarne vai ser muito prejudicial ao seu espírito.
Eu lembro que a Entidade falou isso olhando nos olhos da menina. E a menina começou a chorar, porque ela não tinha falado para ninguém do motivo pelo qual ela não estava querendo comendo. Nem a mãe sabia das intenções dela. Eu sei que depois desse atendimento, a garota começou a se alimentar novamente e, além disso, ela começou a pedir para mãe para frequentar todas as reuniões no centro espírita. E ela começou a estudar, depois de algum tempo começou a participar ativamente dos trabalhos da casa. Foi assim uma transformação na vida dela. Eu fico impressionado, sabe, como às vezes uma simples conversa tem o poder de transformar a nossa vida.
Nossa, mas eu nem sei por que que eu entrei no assunto dessa menina… eu acho que eu estava falando sobre as encarnações difíceis que muitas vezes o espírito pede para passar, né? No caso da poesia que foi recitada hoje, aquele espírito que foi uma pessoa ruim, no passado, que desencarnou, sofreu no umbral, depois foi resgatado, teve a oportunidade de reencarnar novamente em diversas outras vidas até esgotar o seu karma negativo. E hoje, depois de muito esforço, depois de muita superação, ele recebeu a permissão de trabalhar, como espírito protetor, na egrégora da Umbanda.
Então, gente, não pensa que é assim: ah, morreu, já tem a permissão de trabalhar como Exú ou Pombajira. Não é assim que a banda toca do lado de lá! Precisa ter mérito! A Yarin mesmo já me falou uma vez que depois que ela esgotou todo o karma negativo dela, ela ainda teve que se preparar mais de 40 anos no plano espiritual para receber a permissão de trabalhar na Umbanda. Isso porque a gente está falando de Exús e Pombajiras, que ainda tem um estado vibratório muito próximo ao nosso.
Agora imaginem o quanto que esse espírito não precisa estar depurado para se manifestar como um Caboclo ou um Preto-Velho… Essa é a escada da evolução… a gente vai evoluindo, evoluindo, evoluindo… até chegar o momento em que a gente não vai mais precisar reencarnar nesse mundo. Imaginem só a felicidade quando esse momento chegar! Você não precisa mais reencarnar na Terra, se você quiser eu já providencio a sua transferência para mundos melhores. Muitos Caboclos e Pretos-Velhos já tem a permissão para ir embora da Terra. Eles só permanecem aqui por amor à humanidade.
Bom, eu espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje. Eu não sei quanto a vocês, mas eu aprendo muito com essas poesias que eu recebo. E eu tento passar para vocês as minhas considerações, o meu ponto de vista, eu tento fazer uma interpretação do assunto com base naquilo que eu já aprendi. Eu peço aos nossos Orixás que guie sempre as minhas palavras para que eu fale o mínimo de besteira possível. E da mesma maneira que eu faço a minha interpretação, eu gostaria que vocês fizessem as suas, dentro daquilo que vocês acreditam, dentro daquilo que faz sentido para vocês. E compartilhem comigo o entendimento que vocês tiveram.
Mandem uma mensagem para mim no nosso site “almadepoeta.com.br“. Ou se vocês preferirem, mandem um e-mail [email protected]. É sempre bom ouvir uma opinião diferente, trocar experiências. Às vezes vocês pegaram alguma coisa da poesia que me escapou… É assim que a gente vai crescendo junto, com respeito, dando a nossa opinião, tentando entender maneiras diferentes de se enxergar a mesma coisa.
Eu agradeço muito por vocês terem ouvido mais esse episódio. E não se esqueçam que o nosso podcast está nas principais plataformas de áudio. Vocês podem ouvir o almadepoeta no Spotify, no Amazon Music, no Google Podcast, no Deezer, no Apple Podcast. Eu estou colocando também no SoundCloud, mas o problema do SoundCloud é que a minha conta é gratuita e eu não consigo colocar todos os episódios lá. Então eu deixo só os últimos. E se você quiser também, pode acompanhar diretamente pelo site “almadepoeta.com.br“.
Um grande abraço, fiquem com Deus, que o nosso Pai Maior abençoe a todos e até o nosso próximo encontro.