Transcrição do Episódio
Olá, povo da Umbanda! Salve, salve, minha família querida de Podcast! Tudo bem com vocês? Como é que vocês passaram o feridado de Carnaval? Espero que todos tenham passado sem excessos, com muita parcimônia, com muita responsabilidade. E depois da festa vem a ressaca, né? A ressaca que nos traz reflexão. Da mesma maneira é o Carnaval. Depois do Carnaval vem a Quaresma, um período de reflexão, um período para a gente olhar com mais cuidado para o nosso interior. E nada melhor para a gente iniciar esse período de Quaresma conversando sobre uma Orixá que eu não falei ainda, a mais velha das Iabás. Hoje a gente vai falar sobre Nanã Buruquê. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e nesse podcast a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade, Mediunidade e também sobre as poesias do Pai Antônio.
Muito provavelmente, você que é umbandista ou candomblecista, você que frequenta terreiro, já deve ter se deparado, uma vez ou outra, com o nome dessa Orixá: Nanã. Mas você sabe exatamente o que significa essa Iabá para nós? O que ela irradia?
A palavra Nanã veio da África e significa Mãe. Mãe assim, no sentido carinhoso da coisa, sabe? É como se a gente falasse aqui no Brasil “mamãe”, um termo bem carinhoso de se dirigir àquela que nos gerou, a nossa Matriarca. Só que na África, o termo Nanã era usado somente para aquelas mulheres que já tinham chegado em uma idade avançada. Seria mais ou menos algo parecido com a “mãe velha”, sabe? Aquela mulher que, pelas experiências da vida, acumulou muita sabedoria. Então, na África, todas as mulheres idosas eram chamadas de Nanã.
Aqui no Brasil já é diferente, né? Aqui no Brasil, a gente chama as mulheres idosas de vovó. Mas lá na África eles chamavam de Nanã, de mamãe, “mãe velha”. Então, para a gente, Nanã traz o arquétipo daquela vovozinha simpática, cheia de histórias, cheia de aconselhamentos. Aquela mulher que carrega a sabedoria e a experiência da vida nas costas.
Eu não sei se vocês sabem, mas o cumprimento que a gente usa, tanto na Umbanda quanto no Candomblé, quando nos dirigimos a essa Orixá é “Salúba Nanã”. Na verdade, o correto seria falar “Salubá Nanã”, mas a gente acabou abrasileirando essa palavra e hoje ficou popularizado falar “Salúba Nanã”, que traduzindo, assim de uma maneira muito tosca, significa mais ou menos “nós nos refugiamos em Nanã”. Porque é para Nanã que nós corremos quando nós estamos precisando de bons conselhos.
A sabe da onde veio o nome “Nanã Buruquê”? É que na África, existe um rio chamado Rio Níger. E os africanos de antigamente acreditavam que no fundo desse rio, no leito do rio, vivia uma divindade chamada Brukungue. No início, as pessoas que cultuavam essa divindade na África, chamavam ela simplesmente de Brukungue. Com o passar do tempo, até para se dirigir a essa Divindade de uma maneira mais respeitosa, as pessoas começaram a falar Nanã Brukungue, ou seja, “mamãe Brukungue”. Depois, Nanã Brukúngue virou Nanã Brukú. Depois virou Nanã Burukú. Tanto é que até hoje, muita gente ainda fala Nanã Burukú. E finalmente, ela acabou se popularizando aqui no Brasil, na Umbanda e no Candomblé, como Nanã Buruquê. É interessante isso, né? Então, ao contrário do que muita gente pensa, o nome original dessa Orixá não é Nanã. Ela se chamava Brukungue, que depois acabou virando Buruquê. Se a gente fosse levar a ferro e fogo, o correto seria chamar essa Orixá de Mamãe Buruquê e não de Nanã. Mas, enfim, foi o que se popularizou no Brasil, né?
E Nanã é muito conhecida, não só no Brasil, como também em Cuba. Nanã é muito cultuada na Santeria. Para quem não sabe, Santeria é uma religião de Cuba muito parecida com a nossa Umbanda, o nosso Candomblé.
E sabe de uma coisa, gente? Nanã é a Orixá que tem um dos cultos mais antigos da África. Nanã é cultuada na África há muito tempo. O culto a Nanã é mais antigo até do que o culto ao próprio Oxalá, para vocês terem uma ideia. Talvez por isso, os escravos aqui no Brasil tenham relacionado Nanã como sendo a avó de Oxalá.
Porque, no sincretismo religioso, Nanã é relacionada com Sant’Anna. Para quem não sabe, Sant’Anna foi a mãe de Maria, ou seja, Sant’Anna é a avó de Jesus. Então, como Jesus está relacionado com Oxalá e o culto a Nanã é muito mais antigo do que o culto a Oxalá, os escravos no Brasil acabaram relacionando Nanã com a avó de Jesus, ou seja, aquela que veio muito antes do Messias. Eu penso que para os escravos africanos, foi muito fácil de relacionar Nanã a Sant’Anna, né? Porque eles já imaginavam Nanã como sendo uma senhora idosa de muita sabedoria. Daí, para relacionar essa senhora idosa com a avó de Jesus, foi um processo muito natural. E como Nanã é sincretizada com Sant’Anna, a gente costuma homenagear essa Orixá no dia 26 de julho, que é o dia da Santa na Igreja Católica.
E é muito legal as lendas africanas que falam sobre Nanã, sabe? Tem uma lenda africana que diz que Oduduá veio aqui no nosso mundo para separar a terra das águas. Oduduá, para quem não sabe, é um Orixá cultuado no Candomblé, uma das primeiras divindades Iorubás, junto com Obatalá. Daí, Odudua foi mandado por Olorum para vir separar a terra das águas. E depois que ele separou os dois, ficou um filete de lama bem no meio, que foi onde nasceu Nanã. Então, segundo a lenda Iorubá, Nanã se originou dessa junção entre a água e a terra, que forma o barro, que forma a argila, que forma o lodo. E essa lenda, po si só, mostra a antiguidade dessa Orixá. Se a gente for fazer uma comparação com a Bíblia Católica, Nanã nasceu no Livro da Gênesis, quando Deus separou a Terra das Águas. Vocês já leram isso na Bíblia? Logo lá no comecinho está escrito assim:
E disse Deus: “Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça a parte seca”. E assim foi. À parte seca Deus chamou de terra, e chamou mares ao conjunto das águas.
É muita coincidência, eu acho muito louco esse negócio. Culturas totalmente diferentes, religiões diferentes trazem uma simbologia da criação do mundo muito similar. É incrível isso, né? Então, Nanã nasceu justamente desse limbo que existe entre a água e a terra. Por isso que o reino de Nanã é considerado o pântano, o lodo, o lamaçal. Sabe aquela área nas margens do rio que quando você pisa, afunda o pé? Lá é o reino de Nanã.
Sabe o que é engraçado, gente? A maioria dos escravos que vieram para o Brasil eram provenientes da cultura Iorubá. Só que na cultura Iorubá, eles não cultuavam Nanã. Não existia a figura de Nanã no panteão Iorubano. Nanã acabou sendo assim, entre aspas, importada de outros cultos, de povos que viviam em outras regiões da África. Por aí vocês percebem o respeito que os demais povos tinham por essa Orixá, ao ponto de introduzi-la também na cultura iorubana.
E como eu disse para vocês, os domínios naturais de Nanã estão ligados à lama, ao lodo. Se você quiser visitar a casa de Nanã, vai no pântano, vai no mangue. São esses lugares que estão relacionados a essa Orixá. Só que Nanã também está relacionada a chuvas. Não aquela chuva calamitosa de tempestade né, porque a tempestade é o domínio de Iansã. Mas quando cai aquela chuva tranquila, contínua, sem ventos. Sabe aquela chuva que dá vontade de você deitar na cama e dormir ouvindo o barulho dela cair. Essa é a chuva de Nanã.
E o fato de Nanã ser a dona da chuva também tem uma explicação, né? Afinal de contas, a chuva é a água que vem do céu e se mistura com a terra. E quando a água da chuva se mistura com a terra, ela forma lama, que é o elemento de Nanã. Então, o domínio de Nanã se estende para água da chuva por causa disso, da mesma maneira que o domínio de Nanã se estende também para a terra.
E olha só que interessante: a chuva, quando vem acompanhada de ventos, ela passa do domínio de Nanã para o domínio de Iansã. Então, Nanã tem uma intimidade muito grande com Iansã por causa disso. E da mesma maneira, a Terra, quando não está encharcada de água, quando a terra está seca, ela passa ser o domínio de Obaluaê. Por isso, muitos consideram Obaluaê como sendo o filho direto de Nanã.
Tem até um ponto muito famoso na Umbanda que fala assim: “São flores, Nanã, são flores. São flores Nanã Buruquê. São flores, Nanã, são flores. Do seu filho Obaluaê. Nas horas e agonia, ele sempre vem valer. É seu filho Nanã, é meu pai. Ele é obaluaê.
E sabe o que é engraçado, pessoal: No plano espiritual, a energia desses três Orixá (de Nanã, Obaluê e Iansã) estão muito relacionados. Sabe com o quê? Com Egum, com os espíritos dos mortos. Obaluaê, porque é o senhor das passagens, né? Daquele momento de transição entre a vida e a morte. Iansã, porque é a responsável por encaminhar os espíritos dos mortos para os reinos apropriados, afinal de contas, Iansã é a senhora dos nove céus. E Nanã é aquela que detém a chave que tranca as portas entre o mundo material e o mundo espiritual.
Se nós, aqui encarnados não conseguimos ver os mortos, é por causa da bondade de Nanã. Ela tem o poder de separar os vivos e dos mortos, trancando cada um na sua respectiva faixa vibratória. Está certo que para algumas pessoas, Nanã deixa o vãozinho da porta entreaberto, né? São as pessoas que conseguem se comunicar com espíritos desencarnados, que são conhecidos como médiuns. Mas a regra geral é porta fechada, é porta trancada.
E lá no plano espiritual, Nanã tem uma segunda função também: Ela separa os Eguns dos Kiumbas, dos espíritos trevosos. Não confundam, tá pessoal! Um egum, não necessariamente é um kiumba, apesar de que todo kiumba é um egum. Egum são todos os espíritos desencarnados que já não possuem mais o corpo físico. Kiumba, por sua vez, é aquele egum malvado. Então, Nanã separa os kiumbas dos eguns, trancando os kiumbas em locais sombrios do baixo-astral.
Mas então, vamos lá! Eu estava falando para vocês que a chuva também é considerada um dos domínios de Nanã. Antigamente, lá na África, quando não chovia muito durante o ano, quando ocorria aquelas épocas de seca prolongada, as pessoas costumavam dizer que Nanã estava infeliz e elas faziam oferendas para Nanã para que voltasse a chover. E da mesma maneira, quando chovia em excesso, quando ocorriam aqueles alagamentos, as pessoas diziam que Nanã estava furiosa. E elas faziam oferendas para agradar a Orixá, para fazer parar de chover.
E pelo fato da chuva ser um dos elementos de Nanã, na Umbanda, a gente costuma orientar os filhos e as filhas de Nanã a tomar banho de chuva, pelo menos uma vez por ano. Para que a energia da Orixá na coroa daquela pessoa se fortaleça. E como é que a gente identifica um filho ou uma filha de Nanã? Existem características muito comuns a essas pessoas. Geralmente, as pessoas que tem essa Orixá na coroa, são pessoas que não gostam de multidão, são pessoas que não gostam de muvuca. Se pudessem, elas iriam morar na roça ou numa cidade bem pequenininha e pacata. Quem tem Nanã na coroa gosta muito de lidar com a terra, gosta de jardinagem, gosta de plantação. E também gosta de juntar quinquilharias, sabe? A pessoa adora entrar num sebo para comprar livro velho, a pessoa adora visitar lojas de antiquários, a pessoa adora museus. E os filhos e as filhas de Nanã gostam muito de criança e também são muito voltadas para trabalhos assistenciais. Os filhos e as filhas de Nanã são pessoas muito calmas, são pessoas lentas, até para falar eles são um pouco devagar. Eles aparentam ter uma idade muito mais avançada do que eles tem realmente. Às vezes são pessoas rabugentas, mas são pessoas muito ponderadas naquilo que dizem. São ótimas conselheiras, apesar de serem muito moralistas, tradicionais. Você se identifica com essas características? Então, provavelmente você tem Nanã na sua coroa.
Tem uma outra característica muito peculiar de Nanã. Mas assim, essa característica é levada mais a sério no Candomblé. Na Umbanda nem tanto. A Umbanda não dá muita importância para isso. No Candomblé, eles falam que Nanã tem uma quizila com Ogum. Quizila, para quem não sabe, é treta, é briga. Então, no Candomblé, eles dizem que Nanã não se dá com Ogum, por lendas que eram contadas pelos antigos e que foram passadas de geração para geração.
Uma dessas lendas diz o seguinte: Certa vez, Ogum precisava ir até um lugar. E para chegar até lá, ele tinha que atravessar um pântano. E quando Ogum pisou no pântano, impetuoso, valente, achando que pode fazer tudo. Apareceu Nanã na frente dele e perguntou onde ele ia. E Ogum, arrogante, disse que precisava atravessar o pântano para chegar do outro lado. Nanã, então, respondeu que ele não ia passar. “Não, por aqui você não vai passar. Como é que voce entra nos domínios de alguém, sem pedir licença, sem ter pedido autorização.
E Ogum, que era fortão, musculoso, marombado olhou para aquela velhinha curvada dando lição de moral nele e menosprezou totalmente o que ela estava dizendo. “Ah, velha, não me enche o saco que eu tenho mais o que fazer. Eu vou passar por esse pântano, quer você queira, quer não”. E Ogum foi avançando contra a vontade de Nanã. Só que daí, ela começou a controlar o lamaçal com o seu poder e aquele pântano se transformou numa grande areia movediça. Quanto mais Ogum tentava avançar, mais ele afundava no pântano de lama.
E Ogum lutava desesperadamente, e dava golpes de espada na lama, mas quanto mais ele agredia, mais ele afundava. A força que ele despendia para tentar vencer o lamaçal se voltava contra ele mesmo. Quanto mais ele tentava avançar, mais perigosa se tornava a areia movediça. Então, Ogum voltou para a margem daquele pântano e começou a praguejar. “Oh, velha feiticeira, você me paga! Só de raiva, eu vou cercar o seu pântano com lanças de aço para que você também não consiga sair dos seus domínios. E assim Ogum fez: em represália por Nanã não ter deixado Ogum passar pelo domínio dela, ele cercou o pântano de nanã com pontas de aço, para que ela também não pudesse sair.
Daí, Nanã respondeu para Ogum: filho, você é novo, forte e impetuoso, mas nunca irá passar pelos meus domínios se não demonstrar o mínimo de respeito, se não ter a humildade de se curvar diante de mim. E segundo a lenda nos conta, mesmo o poderoso Ogum não pôde com a força de Nanã Buruque. E pelo fato de Ogum ter cercado o pântano de Nanã com um monte de lanças, Nanã prometeu para ela mesma que, a partir daquele dia, ela nunca mais usaria nada de metal.
Por isso que, segundo a tradição do Candomblé, Nanã é avessa a metais. Justamente por essa quizila que ela teve com Ogum. As pessoas candomblecistas que são filhas dessa Orixá, só usam coisas de plástico, de mandeira, de cerâmica, de barro, mas não usam nada de metal. Eu fico imaginando, gente, a dificuldade que essas pessoas tem de fazer comida: Como é que vai cortar as coisas, né? Com faca de madeira! Eu fico curioso para saber como é o dia-a-dia de uma fiha de Nanã que leva ao pé da letra essa quizila. Se é que existem pessoas que cumprem esse preceito ao pé da letra. Eu acho muito difícil.
Só que essa lenda que eu acabei de contar para vocês, deixando um pouco de lado essa questão da quizila, ela traz um ensinamento muito profundo: Não adianta nada você ter a impetuosidade, a coragem e a força de Ogum, se você não tiver sabedoria para usar essa habilidade. E a sabedoria e a experiência, quem traz é Nanã. Qualquer coisa que você vai fazer nessa vida, para que dê certo, você tem que fazer com ponderação, com sabedoria. Senão, você vai dar murro em ponta de faca e só vai se lascar, assim como aconteceu com Ogum na lenda, lutando com Nanã.
E vocês sabem quais são as cores de Nanã? Nanã gosta de roxo, de lilaz, de violeta. Tanto é que uma das flores mais oferendadas para Nanã são as violetas, mas você pode oferecer qualquer flor que tenha uma tonalidade parecida com essas. Tem gente que oferece orquídeas, tem gente que oferece azaléias, lavandas, tulipas. Tem uma infinidade de flores que a gente pode oferecer para Nanã.
Tem gente que comemora o dia de Nanã no sábado, junto com as outras Iabás. Tem gente que prefere comemorar na segunda-feira, junto com Obaluaê. Isso vai da sua tradição, da tradição da sua casa, daquilo que você acredita. Como vocês já sabem, a Umbanda pode ter várias vertentes e todas estão certas.
E como eu disse para vocês, Nanã representa a sabedoria que vem através da vivência. Só que, além disso, Nanã traz uma outra representação muito importante: ela representa tanto o início como o fim da vida. Porque, assim, se a gente for fazer um comparativo entre as Iabás, Iemanjá é a geradora da vida. Iansã e Oxum, por sua vez, são as sustentadoras da vida, e Nanã vem cuidar do fim da vida.
Mas por que Nanã é responsável pelo início e pelo fim da vida? Bom, existe uma lenda africana que diz que Olorum mandou Oxalá e Nanã para criar o ser humano para povoar a terra, para encher a Terra de pessoas. E Oxalá, que carrega o elemento ar, estava tentando moldar o homem utilizando o ar, que é o seu elemento. Mas a forma do homem que Oxalá criava, acabava se dissipando, porque o ar é muito volátil, né? Então, Oxalá tentou moldar o homem com água, mas ele percebeu que o homem também perdia a forma. Então, Oxalá tentou moldar o homem com madeira, só que daí ele viu que o homem ficava muito duro.
E Oxalá já estava meio desanimado com as tentativas frustradas dele, quando surge Nanã, com a sua sabedoria, trazendo a lama, trazendo o barro, que é o seu elemento, e entrega esse barro para Oxalá, para que ele pudesse moldar o homem. Daí, Oxalá molda o homem, perfeito, do jeito que ele queria e sopra dentro do homem o sopro da vida. E assim foi criado o ser humano, modelado na argila de Nanã.
Se, para muitas pessoas, o sopro de vida vem de Oxalá, a base para a construção do nosso corpo físico, veio de Nanã Buruquê. Por isso que Nanã é considerada a responsável pelo início da vida. Porque se não fosse esse nosso corpo físico, vindo da terra, utilizando o barro de Nanã, a vida encarnada não existiria.
E da mesma maneira, quando a gente desencarna, quando a gente morre, esse nosso corpo fisico vai para onde? Ele volta para a terra. Como diz a Bíblia, né? Do pó viestes, ao pó retornareis. Por isso que, na Umbanda, a gente diz que o nosso corpo físico pertence a Nanã. “Sou de Nanã, ewá, ewá ewá ê! Sou de Nanã, ewá, ewá ewá ê”. E por esse motivo, a gente fala que Nanã também está ligada ao fim da vida encarnada.
Só abrindo um parênteses, lá na África, a morte era chamada de Ikú. Então, quando você canta para Nanã, você está cantando para espantar Ikú ou seja, para espantar a morte. Se a pessoa está doente, a gente canta para Nanã para espantar a morte de perto dela, para que a pessoa possa recuperar a saúde. Se uma mulher vai dar a luz, muitos cantam para Nanã para que a criança possa nascer com vida.
Então, gente, Nanã está muito relacionada com essa coisa de vida e morte. Quem tem a chave dos portais da vida e da morte é Nanã Buruquê. Assim como também tem o seu filho Obaluaê. Tanto é que o Búzio é um dos elementos ligados a Nanã. E olha só que interessante: o búzio simboliza a morte, mas ao mesmo tempo, o búzio está ligado ao início da vida, porque, eu não sei se vocês já repararam, mas o búzio tem um formato que lembra o órgão genital feminino, que é responsável pelo início da vida. Da mesma maneira, a semente também simboliza Nanã, porque, para a planta nascer e crescer, o grão precisa morrer. Então, a semente, os grãos também simbolizam a morte e o renascimento.
Bom, espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje. Ficou um pouco mais longo do que eu costumo gravar normalmente, mas eu tive uma satisfação e um prazer enorme de falar sobre Nanã Buruquê.
Se vocês gostaram, compartilhem o podcast com outras pessoas, para que a gente possa difundir os conhecimentos sobre a Umbanda. E não deixem de acompanhar os próximos episódios nas principais plataforms de áudio. Nós estamos presentes no Spotify, no Deezer, no Amazon Music, Google Podcast, Apple Podcast, Youtube e vocês também podem ouvir todos os episódios anteriores acessando o nosso site: almadepoeta.com.br. Inclusive, vocês podem aproveitar, entrar lá, mandar uma mensagem para mim, que eu vou ficar muito feliz em receber o feedback de vocês.
Um grande abraço a todos! Fiquem com Deus! Que Nanã Buruquê possa trazer muita sabedoria na vida de todos!
Boa tarde!! eu sabendo que um egum está me acompanhando posso pedir para nanã encaminha-lo?
Gratidão pelo conhecimento transmitido…até chorei de emoção que linda história.
Adorei saber um pouco sobre está grande divindade da nossa espiritualidade.
Gostaria também de saber sobre minha mãe de cabeça Oxum Opara
Gratidão por ouvir, Isabel! Fico feliz que você tenha gostado. Obrigado pela sugestão. Eu vou falar sobre Oxum Opará futuramente.
Maravilhoso estou amando Alma de poeta
Que felicidade em saber! Gratidão!
Adorei não consegui parar ler ,boa,noite,Saluba Nana.
Fico muito feliz por você estar ouvindo o Podcast, Vera! Gratidão!