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O Kharma e o Dharma na Umbanda

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O Kharma, na Umbanda, é controlado por um Orixá chamado Xangô! Ele é o senhor do Kharma, porque Ele é o Senhor da Justiça Divina. E o Dharma é controlado por um Orixá chamado Obaluaê, porque Ele é o Senhor da Evolução.

Transcrição do Episódio

Olá, meus irmãos e minhas irmãs de Podcast! Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem com vocês? Estamos iniciando mais um episódio do Alma de Poeta, esse Podcast que foi criado em homenagem ao nosso querido Pai Antônio, o preto-velho que me guia nessa vida e que se manifesta amorosamente nas giras de atendimento, passando sempre palavras de conforto, de carinho, incentivando as pessoas a perseverarem na caminhada e, de vez em quando, passando versos e poesias que eu costumo compartilhar com vocês aqui no Podcast. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e aqui a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade e Mediunidade.

Gente, vocês já ouviram falar sobre o karma? As pessoas costumam usar essa palavra com uma conotação bem negativa, né? “Ai, esse é o meu karma” ou então “Essa pessoa é um karma na minha vida”. Mas, na verdade, o karma é muito mais do que essa ideia pejorativa que as pessoas tem. O karma nada mais é do que a lei divina de causa e efeito colocada em prática.

Ora, pessoal, se a lei é de causa e efeito, isso significa que o karma possui dois lados: o positivo e o negativo. Se você faz coisas boas na sua vida, você acumula um karma positivo. Se você faz coisas ruins, acaba acumulando um karma negativo.

Só que as pessoas só vêem o lado negativo da coisa, né? Elas esquecem que quando nós recebemos bençãos, quando acontecem coisas boas na nossa vida, isso também é karma. É a lei de causa e efeito atuando no nosso destino.

Mas daí, você pode perguntar para mim: “Que diacho é essa lei de causa e efeito? Para quê ela serve?” Bom, a lei de causa e efeito nada mais é do que aquele ditado popular “a gente colhe aquilo que planta”. Se você faz coisas boas, você vai colher alegrias. Se você faz coisas ruins, você vai colher desgraças. É simples assim!

E o karma, na Umbanda, é controlado por um Orixá chamado Xangô! Ele é o senhor do karma, porque ele é o Senhor da Justiça Divina. E a Justiça de Deus fala o seguinte: Xangô, dê a cada pessoa o que ela merece! Porque a máxima de Deus é dar a cada um o que é seu! Só que assim, gente… Apesar do karma agir, infalivelmente, nas nossas vidas, porque a Justiça de Deus nunca falha, a colheita não acontece no tempo em que a gente imagina que vai ocorrer. Essa colheita do karma ocorre no tempo de Deus.

Então, o que você planta hoje, das atitudes que você está tendo nessa vida, pode ser que você vá ver o resultado só em vidas futuras. Ou seja, a semeadura está sendo feita nessa vida, mas a colheita vai acontecer em alguma encarnação futura.

É por isso que, tanto o Kardecismo quanto a Umbanda dizem que cada pessoa carrega consigo as suas consequências de vidas passadas. Percebam que o karma é individual, o karma é uma programação onde cada pessoa traz, em seu espírito, a bagagem do que ela realizou em vidas pretéritas.

A gente poderia fazer a seguinte comparação, a título de brincadeira, só para vocês entenderem melhor isso. Quando Deus cria você, ele abre, em seu nome, uma conta, no Banco da Divina Providência. Daí, cada dia da sua existência, você vai alimentar essa sua conta, ou com créditos, ou com débitos. Cada boa atitude que você tem com o próximo, com o Universo ou até mesmo com você mesma, vai proporcionar depósitos automáticos na sua conta bancária. Por outro lado, quando você pratica más ações, é como se você estivesse contraindo dívidas, fazendo empréstimos a juros abusivos e colocando a tua conta no negativo. Vocês entendem?

Daí, o que acontece? A cada vida, a cada reencarnação, o teu espírito vai puxar o extrato da tua conta bancária e vai fazer um balanço para ver se você está com saldo positivo ou negativo. Se você estiver com saldo positivo, você vai poder usar os teus créditos, em vidas futuras, da maneira que você quiser.

Agora, se o teu saldo estiver negativo, daí você vai ter que trabalhar muito para poder pagar a dívida que você contraiu. E as tuas encarnações futuras vão ser muito sacrificantes, por causa disso. Você vai comer o pão que o Diabo amassou até a tua conta bancária ficar com saldo positivo novamente. Esse é o karma! E não dá para fugir dele.

Você consegue empurrar as tuas dívidas até determinado ponto. Depois não dá mais. Depois, o nosso Pai Xangô vê que você está dando o calote, entra com a execução da dívida, e você vai ter que pagar, quer queira, quer não.

Muitos de nós hoje, que somos médiuns, perante a espiritualidade, nada mais somos do que grandes devedores. Nós contraímos tantas dívidas no passado, que se não tivéssemos essa misericórdia de Deus de nos proporcionar essa ferramenta de trabalho chamada mediunidade, com certeza não teríamos condições de saldar o nosso débito.

A mediunidade é um acréscimo de misericórdia de Deus, diante das nossas imperfeições. Vocês entendem? Por isso, não faz sentido nenhum vocês ficarem idolatrando médiuns, achando que eles tem um dom ou que são especiais aos olhos de Deus, ou que são santos. Porque os maiores médiuns de hoje, muitas vezes foram os maiores pecadores no passado.

Claro, existem exceções daqueles espíritos ascencionados que vieram à Terra por um motivo nobre, para viver uma encarnação missionária. Mas essa não é a realidade da grande maioria, de quase a totalidade dos médiuns que existem hoje no mundo.

A maioria dos médiuns são grandes devedores das leis de Deus, e eu me incluo nesse grupo! Talvez eu seja o mais devedor de todos! Por isso, gente, vamos parar de ficar idolatrando médium trabalhador de terreiro ou médium de centro kardecista. Os médiuns, de uma maneira geral, possuem uma missão muito árdua de ajudar o próximo, por meio das faculdades com as quais ele foi contemplado na vida.

Então, você que é médium e tira proveito da sua mediunidade, repensa as suas atitudes, para que você não sofra ainda mais quando voltar para o plano plano espiritual com um rombo na conta bancária que você possui no Banco da Divina Providência.

Agora, muita gente confunde kharma com dharma. Tem gente que acha que é a mesma coisa, tem gente que acha que eles são os opostos. Que o kharma estaria relacionado com as nossas dívidas, enquanto que o dharma estaria relacionado com os nossos créditos. Na verdade, os dois estão errados! E eu vou explicar para vocês o por quê:

O Dharma é uma força maior! É a lei da vida, no sentido mais amplo que você pode imaginar. O Dharma é a razão da existência. Não há como você lutar contra o Dharma, porque isso vai te trazer muita dor e sofrimento. Mas, a partir do momento em que você aceita o Dharma e se entrega, você vai poder construir uma vida de intensa felicidade!

Eu vou dar um exemplo do Dharma para vocês. Existe uma Lei Divina, eterna e imutável, que se chama Lei da Evolução. O que essa Lei diz? A Lei da Evolução diz que todos os seres e todas as coisas criadas por Deus tendem a evoluir. Assim acontece com os homens, assim acontece com as plantas, assim acontece com os animais, assim acontece com os planetas, com as estrelas, assim acontece com o Universo. Essa é uma Lei do Dharma: a evolução.

Não adianta nada você querer lutar contra essa Lei da Evolução, porque essa Lei é muito maior do que todos nós juntos. O máximo que vai acontecer é você sofrer e ficar cansado pelo fato de estar remando contra a maré. E você vai remar, remar e não vai sair do lugar. O seu espírito vai ficar estacionado durante algum tempo, parado no mesmo lugar, mas depois, ele vai se render novamente ao Dharma e vai prosseguir o seu caminho.

Por isso que o espiritismo kardecista fala que ninguém regride. Você não consegue se tornar pior do que já era. Muita gente acha que uma pessoa pode piorar, né? Mas, na verdade, ela não está piorando. Porque aquelas coisas erradas que ela começou a fazer já fazia parte da sua índole. O teu espírito já carrega um determinado padrão de sentimento e de desejo. Você só não tem coragem de exteriorizar isso, muitas vezes. E isso, de uma certa maneira, já é um padrão de evolução. De você tentar controlar os seus impulsos para não fazer o que você tem vontade.

É lógico, muitas pessoas acabam tendo recaídas, né? Mas isso não significa que ela está regredindo, porque já fazia parte da índole daquela pessoa, ter aquele determinado tipo de comportamento. Daí, o que o Dharma faz? Ele olha para aquela pessoa, que continua tendo aqueles padrões de comportamento estagnado e começa a dar chacoalhoes na vida daquela pessoa para ela ir se melhorando, para ela ir se lapidando.

Tenham certeza, pessoal, que hoje nós somos melhores do que nós fomos em encarnações pretéritas. Porque essa é uma lei natural da escalada evolutiva do nosso espírito. Tem gente que evolui por bem, tem gente que evolui por mal, mas todos nós estamos em constante processo de evolução.

Se você nada contra a correnteza e fala “Ah, eu não quero evoluir, eu estou bem assim na minha zona de conforto”, vai chegar um determinado momento que a correnteza vai se tornar mais forte do que as tuas forças de resistir. Daí, de duas uma, ou você evolui sofrendo, ou você se entrega àquela correnteza que te arrasta e começa a saborear esse processo de crescimento espiritual.

A gente poderia dizer que o Dharma, na Umbanda, pelo menos na doutrina de Rubens Saraceni, que explica aquele conceito de tronos divinos, está ligado ao Poder de Obaluaê. Porque Obaluaê, na Umbanda Sagrada, é o Orixá responsável pela evolução dos seres vivos.

Percebam que, nesse caso, existe uma conexão muito forte entre Obaluaê, que é o Orixá da Evolução, com o Orixá Xangô, que cuida da Justiça Divina. Assim como o Dharma tem uma relação muito forte com o Kharma.

Obaluaê chega para Xangô e fala assim: “Olha, esse meu filho precisa evoluir. Ele não pode continuar nessa inércia de crescimento espiritual que ele está hoje.”. E daí, Xangô responde: “Deixa comigo! Eu vou dar um jeito nessa situação. Eu estou vendo que ele tem uns débitos aqui, de coisas que ele fez no passado, que eu vou cobrar ele na próxima vida, para que ele acorde e continue evoluindo.” E Xangô cobra com o maior rigor possível, atendendo ao pedido de Obaluaê.

Daí, a pessoa vai nascer, vai ter uma vida sofrida, cheia de problemas para resolver, uma vida cheia de obstáculos, mas esse kharma foi ela mesma que construiu em experiências reencarnatórias passadas. Ela só está tendo a oportunidade de resgatar os erros, as atitudes equivocadas que ela teve. Uma oportunidade que os nossos Orixás estão dando para aquela pessoa dizendo: “Filho, vê se faz certo dessa vez! Tenta quebrar essa roda de Samsara, para que você não precise repetir as lições dolorosas que você está vivendo hoje.

Porque o Kharma é implacável! A Justiça de Xangô não tem dó nem piedade de ninguém. Ele faz cumprir a Lei de Deus, doa a quem doer.

E tem um aspecto do Dharma muito interessante, que pouca gente compreende. Mesmo que você faça coisas ruins, mesmo que você trabalhe para o mal, mesmo assim, o Dharma vai estar atuando intensamente na tua vida. Como assim, Evandro? Então você está dizendo que mesmo se eu for uma pessoa má, eu vou evoluir? Exatamente! Só que você vai evoluir da pior maneira! Você vai evoluir pela dor, pelo sofrimento, sendo que você poderia estar evoluindo e curtindo esse processo de evolução, aproveitando essa nossa viagem pelas estrelas.

Porque o nosso processo de evolução, como espíritos, é uma grande viagem, né? A gente viaja por planetas! Hoje, nós estamos encarnados aqui na Terra, mas com certeza nós já estivemos encarnados em planetas mais primitivos do que o nosso. E aprendendo o que a gente tem que aprender aqui na Terra, a gente vai poder continuar a nossa jornada em outros mundos. Mundos muito mais evoluídos do que o nosso.

A única coisa que a gente tem que fazer é dar o nosso melhor aqui nessa vida encarnada, tentando aproveitar o máximo as experiências da Terra, para que não precisemos mais repetir as lições que a vida nos oferece.

Enquanto eu estava falando sobre esse negócio de Kharma e Dharma, eu lembrei de uma poesia passada pelo Pai Antônio que fala mais ou menos sobre esse assunto. Ele fala na poesia que nós devemos agir como as folhas caídas nas águas de um rio. Porque as folhas não oferecem resistência alguma na correnteza. Elas simplesmente seguem o seu caminho. O Pai Antônio fala que nós devemos ser como as folhas no rio, seguindo o nosso caminho na correnteza da evolução sem oferece qualquer tipo de resistência. Vamos ouvir a poesia?

Se as coisas são como são,
por que oferecer resistência?
Mais vale viver em gratidão
e ter a paz na consciência.

Quando nada se pode fazer
para alterar o curso do destino,
o silêncio poderá trazer
mais um ensinamento divino.

Se o coração bate perdido,
em meio a ondas de incerteza,
saiba que existe um motivo
para toda a sua tristeza.

Tudo tem uma razão de ser,
nada acontece por acaso.
Mas a dor que te faz sofrer
tira o espírito do atraso.

A vida é um rio caudaloso
que segue em direção ao mar.
Algumas vezes, corre furioso,
outras vezes, vai bem devagar.

Quando surgir-te o desafio,
observa sempre a natureza.
Veja como as folhas do rio
nunca lutam contra a correnteza.

A sabedoria das folhas, eu aprecio,
seguindo serenas o seu destino,
enquanto o homem luta contra o rio
para atender aos seus desatinos.

Não é bonita essa poesia? Eu amo essas comparações que o Pai Antônio da vida com a natureza. Olha só essa parte da poesia que bonita: “A vida é um caudaloso, que segue em direção ao mar. Algumas vezes corre furioso, outras vezes, vai bem devagar”.

E é exatamente isso o que acontece, né? Existem momentos em que a nossa vida segue calma, serena. Mas, em compensação, tem momentos em que os nossos dias são turbulentos, são agitados. A gente precisa apenas ter a serenidade das folhas que seguem o seu destino sem lutar contra a correnteza do rio.

O Pai Antônio fala que quando você não puder fazer nada para alterar o seu destino, aceita! Muitas vezes, a gente passa por provações nessa vida que não dá para escapar. Nessas horas, não adianta lutar, não adianta se revoltar. A gente precisa apenas seguir em frente. Porque tudo tem uma razão de ser, porque nada acontece por acaso.

Se a gente está passando por determinadas provas nessa vida, é simplesmente consequência do nosso Kharma. Da mesma maneira que, se a gente está recebendo bençãos, se a gente está recebendo coisas boas, isso também está diretamente relacionado com o nosso Kharma.

E o Kharma, nada mais faz do que atender à Lei do Dharma. A Lei que diz que todos nós estamos num processo constante de crescimento. E para que esse crescimento aconteça, é necessário que nós viajemos como folhas pelo rio caudaloso que conduz a nossa existência. E vai chegar um dia em que esse rio vai desaguar no mar, no mar de Deus. E a gente vai conseguir enxergar, nesse momento, toda aquela imensidão da casa do nosso Pai. Essa imensidão da qual nós também fazemos parte.

Espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje. E se vocês acham que não tem muita relação esse assunto de Kharma e Dharma com a Umbanda, vocês estão muito enganados. Pergunta para Xangô para ele explicar para vocês a Lei do Kharma. Pede para Obaluaê explicar para vocês a Lei do Dharma. Vocês vão ver que, independente da religião, as Leis do Nosso Pai Olorum são as mesmas.

Ah, pessoal, antes de eu terminar esse episódio aqui, eu queria compartilhar com vocês uma alegria. Lembra daquela rifa que a gente fez há uns meses atrás? Então… Com o dinheiro arrecadado dessa rifa, a gente conseguiu montar cinco cestas básicas. E o pessoal lá do Terreiro está distribuindo esses alimentos para famílias carentes lá em Jambeiro.

Eu fiquei sabendo que, dos mantimentos que a gente levou lá, que vocês ajudaram a comprar, já foram beneficiadas três famílias. Teve uma família, que uma criança agradeceu feliz, com lágrimas nos olhos, pelo alimento recebido. E numa outra família, uma senhora desabafou, em agradecimento, dizendo que naquele dia, ela ia poder tomar banho com sabonete.

E eu fico emocionado quando o pessoal me passa esses relatos, sabe? Porque é uma iniciativa tão simples, mas que produz um efeito gigantesco na vida de pessoas carentes, pessoas necessitadas que não tem o básico para sobreviver. E eu venho aqui hoje para agradecer a vocês todos que contribuíram, comprando a rifa das canecas. Muito obrigado a todos!

Porque a Umbanda não é feita só de giras e incorporações, né? A Umbanda também é feita de caridade e amor ao próximo. E as obras assistenciais são fundamentais para que um terreiro sério de Umbanda se sustente. Que os nossos Orixás Sagrados continuem nos dando forças e oporunidades de continuar nesse projeto de assistência a esses nossos irmãos tão necessitados!

Depois eu vou colocar umas fotos lá no site dos alimentos que a gente arrecadou, para vocês que contribuíram verem que realmente o dinheiro foi utilizado para uma boa causa. Tá certo! Continuem companhando o nosso Podcast, continuem ouvindo os episódios pelas plataformas de áudio. Nós estamos presentes no Spotify, no Deezer, Google Podcast, Apple Podcast, Amazon Music, Youtube. Se você quiser, pode ouvir o nosso Podcast também pelo site almadepoeta.com.br.

E acompanhem as nossas postagens também no Instagram e no TikTok. Sempre a gente está colocando alguma coisa bacana por lá. Um grande abraço, minha família virtual de Umbanda! Que o nosso Pai Oxalá e os Orixás Sagrados abençoem a vida de cada um de vocês.

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