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Baianos e Cangaceiros na Umbanda

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A Linha dos Cangaceiros foi uma das últimas linhas a se manifestar nos terreiros de Umbanda como uma linha independente, mas esses espíritos já trabalhavam há muito tempo junto com o povo baiano, dando atendimento e ajudando as pessoas.

Transcrição

Olá, povo da Umbanda! Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem com vocês? Por aqui também está tudo ótimo! Nada como uma virada de ano para a gente renovar as energias, não é verdade? Às vezes, eu fico pensando como os anos vão se acumulando na minha vida. E cada ano que passa, eu me sinto mais pleno, mais realizado, mais experiente. Os meus cabelos brancos que o digam, não é mesmo? Mas eu penso que os anos que eu coleciono na minha vida, são anos de aprendizado.

Muita gente tem vergonha de envelhecer, não é verdade? Muita gente tem até medo de envelhecer. Por que será? Será que é medo da morte? Será que é medo de ser julgada pela sociedade? Às vezes eu fico pensando se essas pessoas falassem dessas “inseguranças” para um preto-velho, o que ele responderia? Gente, eu não tenho a mínima ideia do que o Pai Antônio responderia para mim, porque eu nunca tive a oportunidade de perguntar isso para ele. Mas e vocês? O que será que os guias espirituais que acompanham vocês falariam? Se alguém já conversou sobre esse assunto com alguma entidade, me fala, tá? Para eu postar aqui no Podcast.

Não precisa nem ser um conselho de um preto-velho, pode ser conselho de qualquer outra Entidade! Está certo? Escrevam para mim! Ah, você não sabe como é que entra em contato comigo? É só você entrar no site almadepoeta.com.br e clicar no menu “Contato”. Daí você escreve a sua mensagem e envia.

E falando em escrever, vamos tirar tirar dúvidas de alguns ouvintes? O que você acha, Sofia, de trazer algumas dúvidas aqui para a gente conversar?

Sofia:

Excelente ideia! Tem bastante perguntas que eu guardei do pessoal que acompanha o Podcast. A primeira pergunta que eu vou ler hoje foi mandada pela Carina que mora em Dublin, na Irlanda. A Carina escreveu o seguinte: Olá Evandro! Espero que esteja bem. Há pouco tempo, conheci o podcast Alma de Poeta e me apaixonei! Nunca frequentei um terreiro de Umbanda, mas tive diversas experiências com os guias através de amigos, por meio de reuniões simples, mas com muita energia boa!

Em um dos episódios, você entrevistou uma moça chamada Sara Cruz. Ela é terapeuta. Eu tentei procurar o contato dela pela internet, mas não encontrei. Será que você poderia me passar o contato dela ou da rede social? Aguardo ansiosamente pelo próximo episódio! Abraços.

Evandro:

Oi Carina! Muito obrigado por entrar em contato comigo! Nossa, eu acho que você é a primeira pessoa da Irlanda que me escreve. Que bacana! E olha só que maravilha, né Carina? Apesar de você nunca ter pisado num terreiro de Umbanda, mesmo assim você disse que teve experiências com os guias espirituais por meio de amigos. É assim que a espiritualidade, muitas vezes, se manifesta, né? Você não precisa ir até um terreiro de Umbanda para conversar com um guia espiritual. Porque, muitas vezes, eles se manifestam das mais variadas formas. A gente só precisa ter a mente aberta e o coração abertdo para ouvir as mensagens, não é mesmo?

E com relação à Sarah, pode deixar que eu vou mandar o contato de whatsapp dela para você, tá bom? Eu só não passo o número dela por aqui, por que eu não sei se ela permitira divulgar publicamente, mas eu vou te mandar, no particular, o contato da Sara. Que estranho que você não encontrou ela no insta… Geralmente o pessoal encontra ela por lá. Será que ela mudou o nome ou alguma coisa? Mas pode deixar que eu resolvo isso, tá bom? Um grande abraço, Carina! Muita luz para você aí na Irlanda.

Sofia:

A Maria Eduarda, do Rio de Janeiro, escreveu o seguinte: Oi Evandro! Graças ao seu podcast, eu comecei a estudar um pouco a Umbanda. Hoje, faz sete meses que estou fazendo o meu desenvolvimento. Às vezes me sinto triste. Às vezes sinto que não consigo ser, no dia a dia, a representação de uma boa médium, de uma pessoa iluminada. Às vezes eu me pego agindo de uma forma e pensando se deveria estar agindo de outra… Me sinto contraditória. Você já se sentiu assim? Eu sou muito sensível, me deixo levar pelos sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, e pelas energias. Quanto eu tô bem, eu me controlo. Mas quando não estou bem, sinto que poderia ter lidado com aquela situação de uma forma diferente. Eu tenho muitas dúvidas, sempre refletindo sobre vida e religião. Peguei meu primeiro livro para ler: O livro dos Espíritos. Talvez isso me esclareça algumas coisas. Quando eu erro, eu me sinto desmotivada a avançar no caminho espiritual. Eu tenho medo dos meus guias se cansarem dos meus fracassos. Mas às vezes acho que esse é um pensamento muito bobo. Eu tenho 21 anos e talvez seja por isso que eu me sinto tão deslocada. De qualquer forma, continue postando! Você ajuda muita gente.

Evandro:

Gratidão, Maria! Eu vou continuar postando sim! E olha, enquanto eu ouvia a sua mensagem, eu fiquei lembrando de mim mesmo, das experiências que eu passei e das inseguranças que eu tive que foram muito parecidas com as suas, sabe? Você disse que faz sete meses que está fazendo o desenvolvimento mediúnico, né? Isso explica muito da sua sensibilidade estar mais aflorada. Eu também, quando eu estava fazendo o desenvolvimento mediúnico, eu entrava em uns dilemas loucos comigo mesmo, sabe? E isso é normal, porque a nossa comunicação com o plano espiritual vai ficando cada vez mais aberta. Então, é normal que você comece a absorver energias diferentes. E essas energias vão fazer você ficar triste, ficar pensativa. Às vezes, você vai entrar em contradição com você mesma. Isso é muito normal, mas isso é um processo. Vai chegar um momento em que a sua mediunidade vai estar tão firme, que você vai conseguir identificar perfeitamente quais energias são suas e quais energias não são. Inclusive, vai chegar um momento em que você vai conseguir até identificar se a energia externa que você está sentindo é de um encarnado ou de um desencarnado.

Porque você, como médium, você não vai se conectar apenas com a energia dos mortos. Eu falo mortos de vez em quando, mas vocês entendem, né gente? O termo correto é desencarnado. Eu estou esclarecendo isso antes que um monte de kardecista venha cornetar na minha orelha. “Ah, Evandro! Você não pode falar mortos, porque a morte não existe. São pessoas desencarnadas”. Sim! Eu sei que a morte não existe, mas é apenas para explicar melhor.

Então, voltando ao assunto aqui, Maria… Quando você começa a desenvolver a sua mediunidade, você começa a ficar mais sensível, com a percepção mais aguçada, não só para sentir a energia dos mortos, como também para sentir a energia dos vivos. Entende? E eu sei que para as pessoas que estão no comecinho desse desenvolvimento mediúnico é difícil isso! Porque você vai sentir a energia da espiritualidade, você vai sentir a energia das outras pessoas, você vai sentir a energia do ambiente e, como se não bastasse, você também vai sentir a sua própria energia com muito mais intensidade!

E tem gente que não consegue lidar com isso. Às vezes, a mediunidade eclode de uma maneira tão intensa que a pessoa até enlouquece! É verdade! Quantos e quantos casos de mediunidade a gente não encontra quando visitamos um hospital psiquiátrico? Na maioria, são pessoas que não conseguiram lidar com esse fluxo energético tão grande. E o que a gente precisa fazer para que o desenvolvimento mediúnico não nos faça mal? A gente precisa desenvolver o nosso equilíbrio interno, a gente precisa harmonizar as nossas emoções, os nossos sentimentos e os nossos pensamentos. Eu bato muito nessa tecla! Vocês já devem estar de saco cheio de ficar ouvindo toda hora eu falar de emoção, sentimento e pensamento. Mas enquanto você não conseguir controlar esses três fatores, eu acho muito imprudente, querer desenvolver a mediunidade, sabe?

Por que? Se você está desequilibrada. Se você está com um sentimento ruim por alguém, se você está com raiva de alguém, se você está se sentindo triste por algum motivo particular ou se você está com pensamento negativo, que tipo de energia você acha que vai atrair para o seu lado? Vai ser a energia do seu guia espiritual? Não vai! Porque o seu guia espiritual vibra no amor, vibra na bondade, ele exala positividade. E por mais que ele te ame e ele deseje o seu bem, ele não vai conseguir se conectar com você, justamente pelo padrão vibratório que você está alimentando. Entende? O que as pessoas desequilibradas costumam atrair para a vida delas é espírito obsessor.

Mas vamos lá… Voltando à sua mensagem, Maria! Vamos lá, Evandro… Foco! Você escreveu uma coisa que me chamou a atenção. Você disse que às vezes sente que não consegue ser uma boa médium ou uma pessoa iluminada. Maria, eu estou há vinte anos na Umbanda e ainda eu luto comigo mesmo todos os dias para tentar ser um médium melhor ou, pelo menos, uma pessoa melhor. Essa é uma luta diária, essa é uma luta constante! A gente se esforça para ser melhor a cada dia para, que sabe, daqui a milhões de anos, atingirmos a iluminação? Mas assim, eu pelo menos, ainda me sinto muito longe de ser uma pessoa iluminada. Então, Maria, desencana com esse negócio de iluminação, viu! A gente tem que se esforçar, sim, para sermos pessoas melhores a cada dia. E se a gente fizer o desenvolvimento mediúnico da maneira certa, vai acelerar muito esse processo. Mas eu deixo esse negócio de perfeição e de iluminação para Deus, para os Anjos, para os Orixás, para a Espiritualidade Superior.

Lógico, ninguém, em sã consciência, quer errar e quer sofrer com o erro, né? Só que a gente tem que entender que o erro (e as consequências desse erro) é o que impulsiona o nosso espírito para a evolução. Porque se a gente erra hoje e a gente paga pelo erro que cometeu, da próxima vez, a gente vai ficar mais esperto para tentar não errar novamente. É assim que o espírito vai evoluindo. E essa é a importância de nós termos sucessivas encarnações no plano físico. Se a gente erra numa vida, paga o preço do erro que cometeu. Daí, numa próxima vida, o seu espírito já vai estar calejado e não vai errar novamente.

Daí, você pode me falar assim: “Ah Evandro, mas como é que eu vou saber se eu não vou errar novamente? Afinal de contas, eu esqueço tudo quando reencarno!” Gente, o espírito sabe! Podem ter certeza disso! Você pode até não lembrar da experiência traumática que teve com seu erro no passado, mas o seu espírito, lá no inconsciente, lá no fundo, ele sabe! É por esse motivo que, muitas vezes, a gente não faz coisas erradas, mesmo tendo a oportunidade de fazer. E não é porque a gente é bonzinho. É porque lá no inconsciente, o espírito tem reminiscências de que aquela atitude não é boa e que vai te causar sofrimento.

Então, Maria Eduarda, o conselho que eu te dou é o seguinte: Continua firme no seu propósito de crescimento espiritual, continua firme no seu desenvolvimento. É normal que às vezes, a gente se sinta desmotivado, triste, cansado. Eu me sinto assim muitas vezes. Mas a desmotivação, a tristeza e o cansaço são passageiros. Passou aquele momento, a gente levanta e continua caminhando. Um pouquinho a cada dia. E quando a gente chegar no final da vida, a gente vai ver o quanto o nosso espírito conseguiu avançar em direção à luz.

Um grande abraço para você, mina irmã! Muita luz e muita paz na tua vida!

Sofia:

A Tatiane, de São Paulo, mandou a seguinte mensagem: “Olá Evandro, tudo bem? Primeiramente gostaria de te parabenizar pelo podcast que me enche de conhecimentos e abre cada vez mais a minha mente para os ensinamentos dessa religião maravilhosa. Sabe Evandro, sempre fui uma pessoa difícil de lidar e com um temperamento forte. Mas depois que conheci a verdadeira umbanda, minha vida transformou e transformou pra melhor. E agora eu já coloco minha mediunidade junto com meus guias em prática e sou muito grata por eles estarem presentes e me ajudando. Estou em um momento de mudança de terreiro e visitando alguns para conhecer e quem sabe trabalhar onde tocar meu coração. Minha dúvida é a seguinte: Na visita em um dos terreiros, era gira de baianos. No início da gira a sacerdotisa ou mãe de santo comentou conosco que teríamos atendimento com os cangaceiros. Gostaria de saber se Baianos e Cangaceiros trabalham da mesma forma? Qual a diferença entre os dois? Muito obrigada pela atenção!

Evandro:

Eu que agradeço pela sua mensagem, Tatiane! Olha, é muito interessante essa sua pergunta! Porque essas duas linhas de trabalho tem uma maneira uma origem muito parecida, né?

Eu não sei se você sabe, Tatiane, mas a linha dos Cangaceiros é uma das mais recentes a se manifestar no culto da Umbanda. Eu digo, a se manifestar como linha independente, sabe? Hoje, muitos terreiros trabalham com uma linha específica chamada “Linha do Cangaço”. Só que, na verdade, esses espíritos que hoje se manifestam como cançaceiros, eles já se apresentavam na Umbanda há muito tempo, mas normalmente, eles desciam junto com o povo baiano, por uma questão de afinidade, né? Eles tem uma energia muito próxima.

Só que, apesar de muitos terreiros cultuarem os Cangaceiros como uma linha separada, que possui a sua própria estrutura e os seus próprios fundamentos, você vai reparar que não existe um desenvolvimento específico para o médium trabalhar com essa linha. Às vezes, o médium que está em desenvolvimento mediúnico, ele só vai descobrir que está incorporado com o espírito de um cangaceiro quando estiver numa gira de baiano. Porque muitos cangaçeiros se apresentam para o médium na gira de baiano, às vezes porque a casa não tem um desenvolvimento específico para essa linha, né?

E olha só que interessante: Muitos espíritos, mesmo sendo do cangaço, num primeiro momento, se apresentam para o seu médium como sendo baianos. Olha só que coisa, né? Talvez eles façam isso para o médium não se assustar. Às vezes, o médium tem algum tipo de preconceito com espíritos de cangaceiros… sei lá… O fato é que o povo do cangaço, muitas vezes, esconde a sua origem e acaba se apresentando como Baianos, mas sem retirar a sua essência e a forma dele trabalhar. E só depois de estar atuando com o médium durante muito tempo é que eles revelam a sua verdadeira identidade. Mas daí o médium já vai estar mais confiante na Entidade e no trabalho que ela faz, né?

E assim, gente, eu vou aproveitar que a Tatiane fez essa pergunta para desenvolver um pouco mais esse assunto dos Cangaceiros, tá? Para entender a razão de haver uma linha de trabalho que leva o nome e o arquétipo dos Cangaceiros, é importante entender duas coisas: Primeiro é o Aspecto social da Umbanda e segundo é o que representou o cangaço no Brasil.

Vamos lá… Vocês que ouvem o Podcast desde o início, já devem ter percebido que a Umbanda tem um fortíssimo caráter social, né? Hoje eu tenho certeza absoluta, depois de mais de vinte anos trabalhando em terreiros, que todas as linhas que se manifestam na Umbanda, possuem, de alguma maneira, características da nossa sociedade. Vocês já pararam para pensar sobre isso? Os espíritos trazem no nome, no arquétipo, nos trejeitos, até na forma de trabalhar, características próprias do povo brasileiro. Afinal de contas, a Umbanda é uma religião brasileira, não é verdade? Então, nada mais lógico do que esses espíritos, que também tiveram suas experiências em terras tupiniquins, de manifestarem características da nossa sociedade.

E sabe qual é o ponto em comum que todos esses espíritos trazem para a Umbanda nas suas manifestações? Todas as linhas de trabalho da Umbanda, sem exceção, dão vozes aos excluídos! São compostas por espíritos que foram rejeitados quando em vida, que discriminados pela sociedade. E com o Cangaceiro não é diferente!

Porque assim, gente, vocês que já estudaram a história do Brasil, sabem muito bem que o cangaço é interpretado por duas visões totalmente diferentes: Tem aquela visão que intepreta o cangaço como sendo um movimento marginal, de bandidos, onde os cangaceiros eram vistos como vilões, como assassinos, saqueadores. E tem uma outra visão totalmente oposta que o Cancaço é visto como um movimento de resistência a um governo opressor. E nessa outra visão, o Cangaceiro é visto como herói, o justiceiro que defende o povo oprimido contra os desmandos dos poderosos?

Qual é a visão certa do Cangaço? Boa pergunta! Não sei! Eu acho que nem os historiadores conseguem entrar num consenso quanto a isso. A verdade é que o cangaço foi um movimento político-social muito complexo que ia muito além da figura de Lampião e Maria Bonita. E é óbvio, né gente, como em qualquer movimento, haviam pessoas boas e pessoas não tão boas assim.

Se para muitas pessoas, a figura do cangaceiro trazia terror, para outras pessoas, eles representavam a libertação. E eu penso que as pessoas que participaram do Cangaço naquela época, fizeram essa escolha porque acharam, naquele momento, que era a escolha certa a ser feita. Quem somos nós para julgar, não é verdade? E muitos cangaceiros pagaram com a própria vida pelas escolhas que fizeram. Lampião, Maria Bonita e Corisco que o digam!

Então, gente, eu particularmente, penso que o Cangaço teve um papel muito importante na história do Brasil e, consequentemente, isso acabou se refletindo também na espiritualidade. Porque assim… a partir do momento em que os cangaceiros (que não foram poucos) começaram a desencarnar, eles começaram a ser acolhidos pelo Plano Espiritual. E não se enganem, tá… Muitos deles, apesar daquela auréola de herói, depois que morreram, foram resgatados nas regiões umbralinas, depois de muito sofrimento.

E esses espíritos receberam, na Umbanda, a oportunidade de se manifestar, de expressar a sua personalidade, de mostrar a sua força e utilizar os seus conhecimentos para ajudar as pessoas. E com o tempo, eles acabaram formando verdadeiras falanges no Plano Astral que hoje são conhecidas como Linha do Cangaço ou Linha dos Cangaceiros.

Então, Tatiane, você percebe que não é tão fácil assim responder a sua pergunta, se a Linha do Cangaço é a Linha dos Baianos é a mesma coisa? Porque o trabalho que eles fazem no Plano Astral é muito parecido. E pelo fato deles terem vivido numa mesma região geográfica, a maneira deles se manifestarem também é muito parecida. Eu diria para você que são linhas muito próximas, mas diferentes na sua essência.

E tem também a questão energética, né? Porque eu não sei se você já fez essa comparação, mas a energia da linha dos cangaceiros é muito mais densa do que a energia do povo baiano. Sabe por quê? Porque os cangaceiros, eles têm uma proximidade muito grande com a linha da esquerda. Eu diria para vocês que Cangaceiro está mais para Exú do que para Baiano. O cangaceiro tem uma energia mais pesada. O baiano já tem uma energia mais leve, mais suave. Por que? Porque o povo da Bahia trabalha na Linha da Direita. E a linha da direita tem essa característica de ter uma energia mais leve. Assim é a linha dos pretos velhos, assim é a linha das crianças, assim é a linha dos marinheiros.

E assim, olhando por essa questão energética, tem muitos terreiros e muito dirigente que consideram a linha do cangaço como sendo a linha dos baianos na esquerda. Bom, eles tem uma certa razão, né? Os argumentos que eles utilizam, também tem muita lógica. Eu também sou muito propenso a aceitar a linha do cangaço como sendo os baianos da esquerda. Porque querendo ou não, o Cangaceiro representa o nordestino sertanejo, né? Aquele povo sofrido, endurecido, que foi explorado de todas as formas, que passou fome, que perdeu todos os seus bens.

Mas o povo nordestino é aquele povo que, mesmo diante de tanta miséria, mesmo diante de tanta tristeza, de tanta injustiça, carrega dentro de si a alegria e a força para enfrentar os seus problemas. Foi essa força de enfrentar os problemas, de encarar os desafios que levou o povo nordestino a pegar em armas e a construir o que a história conheceu como sendo o Cangaço. É da revolta do sertanejo nordestino diante da opressão que nasce a força do cangaceiro.

Então, pessoal, cangaceiro pra mim é um guerreiro, é um soldado, é um combatente que luta bravamente pelos seus ideais e por aquilo que ele entende como sendo justiça. É essa força, essa retidão, esse senso de justiça, de proteção, de bravura que hoje os espíritos dos Cangaceiros trazem para os terreiros de Umbanda.

E lembra que eu falei que a energia da linha do cangaço é muito mais densa do que a energia do povo da Bahia? São essas energias densas que permitem aos cangaceiros bater de frente com as energias trevosas, com aqueles espíritos endurecidos no mal. O cangaceiro, sendo um soldado do Plano Espiritual, ele vai armado até os dentes para combater o baixo-astral.

Mas eles também ajudam muito no trabalho de campo. O que é isso? Trabalho de campo é aquela atividade que os espíritos fazem de resgatar espíritos nas regiões umbralinas, ou então de acolher espíritos que estão vagando pela Terra. Os cangaceiros estão sempre apostos pra esse tipo de trabalho.

Da mesma maneira que eles ajudavam o povo sofrido no sertão nordestino (e por isso eles eram considerados heróis por alguns), no plano espiritual eles também fazem questão de ajudar espíritos necessitados.

Mas não se enganem, gente, achando que cangaceiro, pelo fato deles gostarem de ajudar espíritos necessitados, eles são delicados, são gentis. Não mesmo! Cangaceiro é duro nas palavras, eles são bravos, eles são truculentos. Esse é o estereótipo deles, esse é o arquétipo da maioria deles. Ao contrário dos Baianos que são gentis, que são amistosos, que são simpáticos. Você percebe a diferença até nas atitudes?

O cangaceiro, ele vem ensinar a “combater o bom combate”. Ele ensina a sermos guerreiros, a sermos lutadores, assim como eles foram. Os cangaceiros ensinam a lutar bravamente contra a desigualdade, a favor do bem, em prol da caridade e dos necessitados. Porque eles sabem que a luta é necessária para que a gente conquiste a nossa felicidade como espírito, para que a gente se realize como espírito.

Se tudo parece perdido na tua vida, acende uma vela para o Cangaço e pede força para enfrentar o desafio. Se o inimigo parece ser mais forte do que você, acende uma vela para o cangaço e pede a coragem para enfrentar o medo. Você vai ver como esses espíritos vão estar ao teu lado te fortalecendo na batalha da vida!

Esta é a força do sertanejo, esta é força dos Cangaceiros.

E vocês? O que vocês acham? Vocês acham que a Linha do Cangaço é uma Linha independente ou faz parte do Povo da Bahia? Se vocês estão ouvindo o Podcast pelo site, deixem o seu comentário no final de página que eu vou adorar saber a opinião de vocês.

E com a benção do Nosso Senhor do Bonfim, a gente vai encerrando mais esse episódio. Que a força dos cangaceiros traga muita proteção e amparo na vida de vocês

Salve o povo do sertão! Salve o Cangaço! Um grande abraço a todos e até o nosso próximo episódio!

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