Ter o Corpo Fechado

Transcrição do Episódio

Olá, meus irmãos e minhas irmãs de fé! Bom dia, boa tarde, boa noite! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Alma de Poeta. E hoje, sem mais delongas, a gente já entra no nosso assunto!

Vocês que ouvem o podcast, que gostam desses assuntos espiritualistas, muito provavelmente já ouviram a expressão “ter o corpo fechado”. O que vem a ser isso? Como que a gente consegue fechar o nosso corpo para que nada de mal nos aconteça? Será que isso é possível? É sobre isso que a gente vai falar hoje. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e nesse Podcast a gente fala sobre Umbanda, Espiritualidade, Mediunidade e também sobre as poesias do Pai Antônio.

Pelo que eu tenho visto e ouvido por aí, inclusive de pessoas que mandam dúvida para mim, muita gente acaba tendo uma visão distorcida do real significado dessa expressão de ter o corpo fechado. Algumas pessoas acham que você fecha o corpo através de um ritual de magia, de um ritual religioso, de curandeirismo ou de feitiçaria. Bom, esse é um entendimento parcial do que significa realmente você fechar o seu corpo. E eu vou explicar o por quê.

A pessoas leigas, aquelas que não entendem muito do assunto, pensam que ter o corpo fechado significa que ela não vai ficar doente, que ela não vai sofrer nenhum tipo de ataque, que ela não vai se machucar, que o corpo físico dela vai ficar 100% protegido. Ou seja, eles interpretam como sendo uma espécie de invencibilidade física, uma resistência quase que sobrenatural. Se você pensa dessa forma, então eu convido você a repensar o real significado dessa expressão.

Tem outras pessoas que acham que essa expressão é usada apenas no contexto de magia negativada, de bruxaria, de satanismo. Mas para para pensar, seria justo isso? Apenas pessoas ruins terem o corpo fechado ou poderem utilizar essa técnica? Onde estaria a justiça de Deus que privilegiaria seres arraigados ao mal, em detrimento de pessoas boas. Bom, para mim, isso não faz o menor sentido.

Então, a primeira coisa que a gente tem que ressignificar é essa associação que as pessoas fazem de ter o corpo fechado com ligação ao demônio ou coisa do tipo. Porque a técnica de você fechar o teu corpo, ela é netura. Não significa que você está fazendo pacto com o maligno ou que você está fazendo pacto com Deus. Apesar de que, quando você fecha o teu corpo, quase sempre existe o concurso de espíritos desencarnados que vão te auxiliar naquele processo. Essa ajuda pode ser de espíritos bons ou ruins. Isso vai depender da tua sintonia.

Mas vamos lá, eu vou tentar explicar para vocês como que acontece esse processo de fechamento do corpo, pelo menos dentro da Umbanda que é o ambiente que eu me sinto mais à vontade para explicar para vocês o processo.

Na Umbanda, ter o corpo fechado, significa você estar imune a energias negativas. Então, a partir do momento em que você fecha o teu corpo, você não vai mais receber as agressões do baixo astral, você não vai mais absorver fluídos deletérios, você não vai mais se contaminar com ambientes pesados. E quem é médium, quem é dirigente espiritual, pai de santo, cambone, ogã… sabe como é importante se precaver contra esse tipo de energia, contra esse tipo de ataque. Porque a Umbanda, gente, é a tropa de choque que bate de frente com o baixo-astral. E se a gente não tomar cuidado, a gente acaba levando muita “porrada” do lado de lá. Espíritos que querem atrapalhar a nossa evolução, espíritos que fazem de tudo para derrubar os trabalhadores, espíritos que não querem que outras pessoas sejam ajudadas. E você que é umbandista, você só vai permanecer firme no teu propósito desinteressado de ajudar o próximo se você aprender a se cuidar. E para isso, você precisa aprender também a fechar o teu corpo. Só que poucas pessoas se dão ao trabalho de fazer o processo de fechamento do corpo. Porque isso não é uma mágica que acontece de um dia para o outro, como muita gente pensa. Fechar o corpo dá trabalho, exige sacrifício, disciplina, força mental! E pouca gente está disposta a pagar esse preço.

Mas, vamos lá, gente… Eu vou explicar para vocês esse processo de fechamento de corpo pelos rituais da Umbanda, tá? Não venham perguntar para mim como que acontece isso no Candomblé, como que acontece isso no Vodú, como que acontece isso na bruxaria, porque eu não saberia explicar. Cada religião, cada crença tem a sua ritualística própria. Assim como o próprio kardecismo tem um ritual de fechamento de corpo, apesar de que eles não dão esse nome, mas que serve para o mesmo propósito, que eles chamam de reforma íntima. Está certo! Lá no kardecismo, eles têm aquela visão mais… peculiar, digamos assim, de interpretar esse assunto, mas os princípios são basicamente os mesmos. Eu consigo falar um pouco do kardecismo porque eu nasci em berço espírita, né? Então, o kardecismo sempre esteve presente na minha infância e durante toda a minha juventude.

Mas vamos lá! Pára de enrolar, Evandro, e explica logo para a gente esse negócio de fechamento de corpo! Na Umbanda, o fechamento de corpo envolve três aspectos: o primeiro é o mental. O fechamento do teu corpo começa na tua mente. Imagina o seguinte: você mora numa casa que tem a porta da frente, a porta dos fundos, uma porta lateral. E cada uma dessas portas tem uma fechadura. Só que você concorda comigo que essa fechadura só vai ser útil se você tiver uma chave. Senão, a fechadura só vai ser um acessório de enfeite. Não vai ter serventia nenhuma. Para que a tua fechadura funcione, você tem que ter uma chave. É a chave que vai trancar aquela porta! E a chave, nada mais é do que a tua mente! A casa é o teu corpo, as portas são os chackras que você tem no corpo e a tua mente é a chave para trancar e destrancar as portas.

Agora, vamos lá, continuando nesse primeiro aspecto de fechamento de corpo, que é o mental. A sua mente vai ter um papel muito importante nesse processo. Primeiro para trancar e destrancar os teus chackras, como eu disse antes. E tem um segundo aspecto da mente que também é muito importante, que a gente chama de forma-pensamento. O que são essas formas-pensamento? Tudo o que você pensa de uma maneira intensa e contínua se materializa no plano astral. Por isso que a gente chama de forma-pensamento. Porque o teu pensamento acaba criando formas no plano espiritual. Esse processo de criação de formas-pensamento é muito conhecido no ocultismo, das pessoas que praticam magia. Tudo o que você pensa incessantemente, com intensidade, acaba se materializando no plano astral. Isso significa que se você criar uma forma-pensmento de uma fortaleza, por exemplo, e você alimentar essa forma-pensamento todos os dias, o teu pensamento vai criar forma no mundo espiritual.

Inclusive, tem uma técnica muito interessante que algumas pessoas usam para fazer o fechamento de corpo que é a seguinte: você fecha os olhos e começa a respirar profundamente… respira algumas vezes, bem profundamente, relaxando o seu corpo e imagina um cilindro gigante de luz violeta te envolvendo. É como se você estivesse dentro de um tubo, e esse tubo se estende até o céu. Ele tem uma abertura lá em cima, que você nem consegue enxergar e que te conecta diretamente com Deus. Então, você imagina um tubo, de luz violeta intensa, hermeticamente fechado dos lados e embaixo com um buraquinho minúsculo por onde você vai conectar a tua energia com a terra.

E daí você imagina que nada consegue ultrapassar as paredes desse cilíndro violeta que te protege. Você, como pessoa, está isolada dentro desse tubo de luz. Olhando para cima você vê o céu e olhando para baixo, você vê um furinho pequeno por onde vai escoar a energia cósmica. Então, todos os dias, de manhã, quando acordar e à noite, antes de dormir, você se imagina dentro desse cilindro, isolada de todos os perigos, protegida de todas as energias desequilibradas, de todo pensamento ruim que possa chegar até você.

Num primeiro momento, parece ser uma técnica meio bobinha, meio infantil, né? Mas lembra que eu falei da forma-pensamento que você constrói exercitando um pensamento intenso e continuado? Se você fizer isso durante meses, durante anos, todos os dias, essa forma pensamento vai se materializar no plano astral. E o seu corpo, tanto o corpo material quanto os corpos sutis que você possui, vai se tornar inacessível aos espíritos desencarnados de pouca luz.

Inclusive, gente, você pode até usar essa técnica de se imaginar dentro de um cilindro de luz violeta quando você cumprimentar outras pessoas, seja por meio de aperto de mão, seja por meio de abraço. Essa também é uma maneira que você usa de se isolar energeticamente.

E você vai ver que, com o tempo, essa prática vai se tornar um hábito no seu subconsciente. Automaticamente, você já vai se imaginar dentro desse cilindro. E quando chega nesse estágio, é porque aquela forma-pensamento já está bem consolidada no plano astral.

Bom, mas vamos lá! Eu disse para vocês que o primeiro elemento para vocês fecharem o corpo é disciplinar a mente. E qual é o segundo elemento muito importante nesse processo de fechamento de corpo? É o auxílio espiritual, a ajuda de entidades desencarnadas. Essas entidades vão atuar como uma escolta, como um reforço, como verdadeiros guardiões na tua vida. Elas vão trabalhar complementando e fortalecendo as barreiras mentais que você está criando. As Entidades vão agir em conjunto com as formas-pensamento que você criar.

E na Umbanda, normalmente, os espíritos responsáveis por esse trabalho de proteção são aqueles espíritos mais aguerridos, sabe? Que estão acostumados com embates espirituais, com o enfrentamento ao baixo astral. Na maioria das vezes, são os Exús que trabalham nessa tarefa, mas também a gente encontra muitos caboclos de Ogum fazendo esse serviço. A gente pode comparar esses espíritos como soldados que ficam rondando a sua casa. Então, qualquer perigo que se aproxime, ou qualquer atitude suspeita, já vai despertar a atenção deles para ter uma atitude mais truculenta, se for o caso.

Mas daí, você pode me perguntar assim: mas Evandro, se eu já estou tomando os meus cuidados para construir as minhas formas-pensamento de proteção, mesmo assim eu vou precisar da ajuda desses espíritos? Claro que sim! Porque, dependendo da intensidade do ataque que vem do lado de lá, a tua forma-pensamento, talvez ainda não seja suficientemente forte para estancar aquela agressão.

Vamos tomar como exemplo um condomínio fechado. Por mais que o condomínio tenha aqueles muros gigantes com cerca eletrificada, só isso não basta para evitar assaltos, não é verdade? Os condomínios também precisam ter uma guarita, precisam de seguranças. O muro alto ajuda? Com certeza ajuda! Dificulta muito a entrada de pessoas estranhas. Mas o trabalho da portaria e dos seguranças também é fundamental. Vocês não concordam?

Com o nosso corpo é mesma coisa! As formas-pensamento são importantes? São! Dificulta muito que espíritos mal intencionados tenham acesso a você. Mas nem por isso, o trabalho dos seus guias protetores vai ser menos importante. Porque qualquer movimentação suspeita, eles já ficam alertas.

E tem uma outra função muito importante dos teus guias também que é desviar você dos perigos da vida. Às vezes, você está na rua, prestes a sofrer um acidente, ou a ser assaltado ou sofrer algum tipo de violência. E são os seus guias que vão te intuir a tomar um caminho diferente, ou eles vão provocar determinadas situações que vão te obrigar a mudar o seu itinerário. Você percebe que tudo isso faz parte daquilo que as pessoas entendem como “ter o corpo fechado”?

E esse segundo aspecto, da ajuda espiritual, é um ponto que não pode, em hipótese alguma, ser menosprezado. E é aqui que entra aquela questão da sintonia, né? Se você sintonizar com espíritos bons, aqueles que te guardam serão bons, se você sintonizar com espíritos ruins, são esses que vão tentar cuidar da sua proteção.

Como assim, Evandro? Então quer dizer que eu posso pedir proteção para um Kiumba, para um espírito delinquente? Claro que pode! A escolha é tua! E eles vão te ajudar? Num primeiro momento, sim! Eles vão te proteger enquanto for do interesse deles, enquanto você tiver alguma coisa a oferecer. A partir do momento em que você não tenha mais utilidade para um Kiumba, eles vão ser os primeiros a te agredir e a te prejudicar.

Daí você pergunta: mas e as formas-pensamento que eu construi não vão me proteger deles? Aí que está! Se você construiu formas-pensamento sintonizado com o mal, os espíritos que vibram nessa faixa, vão ter livre acesso! Da mesma maneira que vai dificultar o acesso de espíritos bons, que realmente gostariam de te ajudar.

Se, por outro lado, você construir formas-pensamento iluminadas, sintonizado com o bem, os espíritos de luz é que vão ter livre acesso, dificultando a entrada de espíritos conectados com as trevas. É apenas a lei natural de atração e de repulsão colocada em prática.

E agora, vamos ao terceiro elemento que ajuda nesse processo de fechamento de corpo, que é o elemento magístico. Esse é o elemento que mais atrai a atenção das pessoas, mas que se não for utilizado em conjunto com os outros dois primeiros que eu falei, não vai servir para nada, vai ser um mero enfeite no seu corpo. Quais são esses elementos? São vários que você pode utilizar! Na Umbanda, a gente costuma fazer patuás! Se você não sabe o que são patuás, ouve o episódio 60 e 61 que eu já expliquei um pouquinho sobre essa ritualística. Na Umbanda você também pode usar colares confeccionados com elementos naturais (que a gente chama de guias), você pode usar anéis, tornozeleiras. Enfim, são elementos da natureza que a gente ativa o poder magístico para que a energia daqueles materiais sejam trabalhadas a nosso favor.

E gente, esse negócio de corpo fechado pode parecer brincadeira, mas funciona muito! Enquanto eu explicava para vocês esse processo todo, eu lembrei de uma história que me foi contada e eu vou tentar reproduzir essa história para vocês.

Um dia foi um rapaz num terreiro de Umbanda chamado Laércio. E o Laércio era policial. E daí, ele estava contando que teve uma situação, em que eles estavam fazendo uma investigação criminal e eles estavam no meio de uma operação. O Laércio estava com o colega dele, à paisana, numa viatura descaracterizada. E eles estavam de tocaia, num bairro meio perigoso da cidade, se eu não me engano, investigando alguma coisa relacionada a tráfico de armas, alguma coisa do tipo.

E eles estavam lá parados, dentro do carro, na esquina de uma viela. Tudo escuro, com uma ou outra pessoa passando de vez em quando. Só que os policiais acharam estranho uma movimentação tinha bem no meio da viela. Tinham uns três homens parados, no beco, esperando alguma coisa.

Daí, de repente, eles viram que uma moça entrou sozinha, do outro lado da viela e estava caminhando, despreocupada, em direção aonde aqueles homens estavam parados. Daí, o Laércio até comentou com o colega dele “Aquela moça vai ser assaltada”. E o colega dele já deixou a arma engatilhada para o que pudesse acontecer.

Só que o mais estranho estava por acontecer. Quando a moça estava se aproximando daqueles homens (pelo que deu a entender, ela não tinha nem notado a presença deles ainda), todo mundo saiu correndo e se escondeu no meio do matagal de um terreno baldio. E a moça atravessou a viela tranquilamente, passou pela viatura onde o Laércio estava e foi embora.

Daí, depois que a moça passou, os homens voltaram onde eles estavam e continuaram lá de tocaia. Nisso, veio uma outra pessoa pela viela e eles assaltaram essa pessoa. E quando eles estavam batendo nessa pessoa e roubando as coisas dela, o Laércio e o outro policial desceram do carro e deram voz de prisão para todo mundo. Só que o Laércio ficou encanado com o que tinha acontecido antes. Daí ele chegou para um dos vagabundos lá perguntou assim: “ Escuta, me fala uma coisa… Eu vi que antes de vocês assaltarem aquele cara lá, passou uma menina sozinha no beco e ao invés de vocês assaltarem ela, todo mundo correu para o mato? Por que vocês fizeram isso?”

E daí, o bandido para quem ele tinha perguntado virou e falou assim: “Sozinha o quê, chefia? Você não viu os dois brutamontes mal encarados que estavam do lado dela? Os dois de fuzil apontando para a gente?” E tanto o Laércio quanto o colega juram de pé juntos que a moça passou sozinha.

Daí, como o Laércio era investigador, ele acabou encontrando com essa moça que morava lá no bairro vizinho e perguntou para ela: “Olha, eu sou da polícia e eu estou fazendo uma investigação. Por acaso, você passou naquela viela, mais ou menos umas onze horas da noite, no dia tal?” E a moça disse que sim, que naquele dia ela costumava ir no terreiro da tia dela, que ficava do outro lado da comunidade, e que naquele dia, ela tinha perdido o horário do ônibus e por isso estava voltando à pé”. E daí o Laércio perguntou: “mas você voltou sozinha?” E a moça disse que sim, que naquele dia, especificamente, não tinha ninguém para voltar com ela. Daí ela simplesmente pediu proteção para os guias espirituais da casa e voltou caminhando.

Então, vocês vêem né gente, como que a Espiritualidade age, às vezes de uma maneira até meio inusitada. Os guias espirituais daquela menina, ou os guias espirituais da casa onde ela trabalha, não sei, chegaram ao ponto de se materializar temporariamente para proteger aquela moça que poderia ter sido assaltada ou poderia até ter acontecido algo pior.

E olha só que legal: aquela experiência que o Laércio teve, despertou nele a curiosidade de saber mais. Se antes ele via a Umbanda com desdém, se antes ele não ligava para assuntos espiritualistas, naquele dia, algo despertou dentro dele que atiçou a curiosidade de estudar o assunto com mais seriedade.

Bom, gente, espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje. Espero que eu tenha conseguido desmistificar um pouco esse assunto de “corpo fechado”. Lógico, tem muito mais coisa que a gente pode falar sobre isso, mas não dá para abordar tudo em vinte minutos. Mas se vocês ficaram com alguma dúvida, se vocês tiverem algum questionamento, pode mandar uma mensagem para mim que eu vou ficar muito feliz em responder.

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Um grande abraço, minha família virtual de Umbanda! Que nosso Pai Oxalá os abençoe e até o nosso próximo encontro!