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Os Orixás na Umbanda

Os Orixás na Umbanda

A COMPLEXIDADE DOS ORIXÁS NA UMBANDA

Se você quer entender melhor o que são os Orixás na Umbanda, você precisa começar estudando o significado da palavra “Orixá”. Esse termo, assim como muitos outros, vem do idioma iorubá. Na verdade, Orixá é uma aglutinação de duas palavras: “Ori” que significa cabeça e “Xá” que significa rei ou senhor. Deste modo, traduzindo para o português, “Orixá” seria o equivalente a “senhor da cabeça” ou “rei da cabeça”.

É por isso que nos terreiros de Umbanda e Candomblé, muitas vezes as pessoas perguntam: “Quem é o seu Orixá de cabeça?”, quando o correto seria perguntar: “Quem é o seu Senhor de Cabeça?”, se fossemos utilizar a expressão de maneira certa. Daí, a resposta seria: “Meu Orixá é tal…”

Mas, afinal de contas, o que vem a ser esses Orixás na Umbanda? Por que os umbandistas dão tanta importância a esses Orixás?

Eu penso que qualquer definição que façamos dos Orixás, será sempre uma definição incompleta. Porque a linguagem humana é muito pobre para descrever com perfeição ou, pelo menos, tentar explicar os atributos divinos. Sempre que o Ser Humano tenta explicar Deus (ou a Sua Criação), consegue apenas diminuir a Sua Grandeza.

Os Orixás na Umbanda estão muito acima da nossa compreensão. Faltam palavras para explicar a sua essência, falta vocabulário para definir a grandeza de um Orixá. Mas, dentro das nossas limitações, poderíamos definir Orixá como sendo a fonte mais evoluída que emana do Astral Superior e que chega até nós aqui na Terra. Orixá é a Força Divina que interage conosco, manifestando-se inclusive nos reinos da Natureza.

Muitas pessoas (inclusive eu), vislumbram os Orixás na Umbanda como sendo Energias de Deus ou Vibrações Virginais que se manifestam em nosso mundo, principalmente nos reinos da natureza.

OS ORIXÁS COMO HIERARQUIAS CRIADORAS

A Umbanda traz, como um dos princípios mais básicos, o culto e reverência a essas Forças emanadas diretamente do nosso Pai Criador. Porque a Umbanda entende que cada Orixá carrega uma parte da vibração original de Deus. Os Orixás são os grandes responsáveis pela sustentação da vida de todos os seres que habitam a Terra.

Mas olha, não é fácil explicar em palavras o que são os Orixás na Umbanda. Alguns autores umbandistas consagrados, como o saudoso Roger Feraudy, dizem que os Orixás são os grandes arquitetos siderais, construtores do Universo. Feraudy explica que nós, seres humanos, devemos aos Orixás a nossa evolução espiritual, intelectual e física.

Os Orixás também são conhecidos como hierarquias criadoras. Algumas pessoas acreditam que os Orixás foram espíritos como nós, em épocas imemoriais ocorridas em universos pretéritos (que já não existem mais) e que eles ascencionaram, completando o seu ciclo evolutivo. As pessoas que defendem essa tese, dizem que os Orixás seriam consciências que não pertencem mais ao reino humano, pois estariam mais próximos de já serem considerados “divindades”. Eles seriam os verdadeiros “mensageiros de Deus” ou “As Sete Emanações Divinas”.

Outras escolas filosóficas de Umbanda defendem a ideia de que os Orixás seriam os primeiros espíritos criados por Deus. Portanto, já seriam seres de elevadíssima evolução espiritual. E sendo seres de altíssimo grau de evolução, não possuiriam corpos, mas atuariam como co-criadores do Universo, respondendo cada um por uma área da Criação Divina. Inclusive, segundo o entendimento dessa corrente filosófica, esses Orixás teriam participado diretamente da criação do nosso Planeta.

OS ORIXÁS NA UMBANDA E OS PONTOS DE FORÇA

Os Orixás na Umbanda, diferente do que acontece no Candomblé, não são explicados por lendas. E apesar do entendimento de algumas vertentes isoladas, a maioria dos umbandistas não consideram os Orixás como sendo divindades ou semideuses. São considerados, sim, como “irradiações de Deus”, como a energia mais pura que banha o nosso planeta e todos os seres vivos (encarnados e desencarnados).

Para facilitar o entendimento às pessoas mais simples, cada Orixá foi relacionado a uma força da Natureza. Ou seja, cada Orixá na Umbanda está ligado a um sítio vibracional característico de um reino da natureza. Por exemplo, Oxum é a representante das águas doces, dos rios e cachoeiras. Iemanjá, por sua vez é a representante das águas salgadas, dos mares e oceanos. Oxóssi é o representante das matas, Iansã é a representante dos ventos, Ogum é o representante dos ferros e metais, Xangô é o representante das pedras e dos trovões, Nanã e a representante dos pântanos, lagoas e manguezais. E por aí vai…

Diferente do que acontece no Candomblé, que tem uma visão mais “humanizada” dos Orixás, a Umbanda entende que todos os Orixás trabalham em absoluta harmonia entre si. Eles se harmonizam e se complementam na sustentação da Obra de Deus. Portanto, os Orixás na Umbanda não brigam entre si, como acontece no Candomblé. Não existem quizilas ou desentendimentos entre os Orixás, mas apenas compreensão e amor.

Ao prestar culto aos Orixás, os umbandistas reconhecem as forças da natureza (os rios, mares, matas, campinas, pedreiras, cachoeiras, praias) como sendo os pontos de equilíbrio energético que o planeta Terra possui para se revitalizar. Essa força da natureza é conhecida como Axé. Poderíamos até comparar os pontos de força da natureza como sendo os chackras da Terra, por onde circula a energia vital.

O AMOR DE DEUS ESPALHADO NA TERRA

Nós relacionamos os Orixás com os pontos de força da natureza para tentar facilitar a compreensão da verdadeira natureza energética dessas manifestações divinas. Mas não podemos confundir o Orixá com o reino da natureza ao qual ele está associado. Assim, importante que fique bem claro que Oxóssi não é a mata, assim como Oxum não é a cachoeira, nem Iemanjá é o mar. Esses são apenas pontos de força que vibram mais intensamente na energia daquele Orixá respectivo.

Muitas pessoas relacionam os Orixás com os pontos de força da natureza porque esse é o nosso limite de compreensão. Na verdade, nós, como seres humanos, ainda não temos entendimento nem evolução intelectual suficiente para compreender a verdadeira natureza de um Orixá.

Correndo o risco de diminuir a grandeza dos Orixás na Umbanda, poderíamos dizer que Orixá é o amor de Deus espalhado na Terra, com o objetivo de nos auxiliar na tarefa evolutiva. Eles se manifestam através das forças da natureza, as quais manipulamos para o nosso próprio equilíbrio e bem estar.

O umbandista deve buscar a harmonia e o equilíbrio das suas forças nos Orixás. E para isso, é necessário praticar com afinco a caridade, o amor desinteressado e o respeito à natureza e às formas de vida. Nós umbandistas, devemos nos harmonizar com essas forças que se manifestam em nossos terreiros e em nossas vidas. Devemos nos conectar aos nossos Orixás através dos nossos guias espirituais, enviados de luz que sempre nos trazem palavras de conforto, de amparo, de força e esclarecimento.

Médium umbandista, criador do podcast "Alma de Poeta"

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