Transcrição do Episódio
Olá, galerinha do Axé, povo da Umbanda! Bom dia, boa tarde, boa noite a todos que ouvem o Alma de Poeta! Estamos iniciando mais um episódio desse podcast maravilhoso que fala sobre Umbanda, sobre mediunidade e espiritualidade. Meu nome é Evandro Tanaka, eu sou médium umbandista e hoje, a gente vai aproveitar esse episódio para tirar algumas dúvidas que foram encaminhadas para através do nosso site.
Se você ainda não conhece, acessa lá almadepoeta.com.br. Você vai poder ouvir gratuitamente, sem propaganda, todos os episódios que foram gravados até hoje e também deixar o seu comentário, tirar as suas dúvidas. Entra em contato comigo que eu vou ter o maior prazer em responder os questionamentos que vocês fizerem.
Esses dias, eu recebi alguns questionamentos do Rafael que mora na cidade de Maracanaú, no Ceará. O Rafael entrou em contato comigo pelo site e eu achei muito interessante as perguntas que ele fez, porque eu acho que essas dúvidas que ele levantou devem ser dúvidas comuns a muitas pessoas que iniciam na religião da Umbanda. Daí, eu pedi permissão para ele para poder responder essas dúvidas no Podcast, porque assim eu já esclareço para todo mundo o que eu penso a respeito desses assuntos.
Obrigado, Rafael, por ter entrado em contato comigo. E desculpa a demora em te dar uma resposta. Aliás, eu peço desculpas a todos vocês que ouvem o Podcast pelos vários dias que eu não consegui gravar. É que eu tive que fazer uma viagem a trabalho essa semana e não deu para colocar no ar nenhum episódio. Peço mil desculpas pelo atraso, eu sei que muitos de vocês ficam na expectativa de receber novos episódios, novos conteúdos, mas infelizmente eu não consegui esses dias por conta dos meus compromissos.
Bom, eu vou chamar a Sofia para ler a sua mensagem, para trazer as suas dúvidas. Para quem não sabe, a Sofia é a minha cambone virtual preferida. De vez em quando, ela me auxilia aqui no podcast para ler as mensagens que o pessoal escreve para o Alma de Poeta. Então, vamos lá, Sofia: Solta a voz!
Rafael: Deixe eu me apresentar: eu me chamo Rafael e falo aqui do Ceará. Muito obrigado por compartilhar seu conhecimento sobre Umbanda, e também obrigado por fazer isso de uma forma leve, didática e descontraída. Eu estou aprendendo muito com o seu podcast no Spotify, e às vezes repriso os episódios pra poder absorver melhor o conteúdo. Eu venho do espiritismo kardecista e o que me encantou na Umbanda foi a simplicidade e a humildade dessa religião. Sem falar que eu sinto uma ligação maior com ela. A Umbanda parece, aos meus olhos, ser mais prática, porque nela aprendemos sobre o uso de ervas, de banhos, aprendemos sobre velas e etc. Isso foi o que eu pude apurar até o presente momento, por meio da leitura de alguns poucos textos que eu achei na internet, e através do seu podcast. Pois bem, eu tenho algumas dúvidas e ficaria muito feliz se você pudesse me esclarecer.
Claro Rafael! O que estiver dentro do meu conhecimento, pode ter certeza que eu esclareço com o maior prazer! Afinal de contas, a nossa proposta com o podcast é exatamente essa, né? Tirar dúvidas e desmistificar um pouco a ritualística da nossa religião. Mas, vamos lá, Sofia! Continua lendo aí o que ele escreveu.
Rafael: Eu estou procurando um terreiro de Umbanda no qual eu me sinta à vontade e que eu possa trabalhar em prol da casa e do meu aprimoramento interno, embora ainda não saiba qual a minha mediunidade. A minha primeira dúvida é a seguinte: Será que eu posso frequentar mais de um terreiro? É porque eu tenho medo de chatear os dirigentes do local onde eu irei frequentar.
Então vamos lá, Rafael! Respondendo essa pergunta… Quando você diz frequentar, você está se referindo a frequentar o terreiro como trabalhador ou como assistido? Eu estou perguntando isso porque, dependendo do seu interesse, a minha resposta vai ser diferente. Se você está conhecendo a Umbanda agora, eu acho muito salutar que você visite o máximo de terreiros que você conseguir. Porque assim, você vai abrir a sua visão para as diversas ritualísticas diferentes que tem entre um terreiro e outro. Você vai ver que muitas das ritualísticas são comuns aos terreiros de Umbanda, como você também vai perceber particularidades entre um terreiro e outro. E visitando vários terreiros, você vai perceber que, querendo ou não, você vai acabar se identificando mais com um trabalho do que com outro.
Então, enquanto você estiver na situação de assistido, eu acho interessante você conhecer o máximo de terreiros que você conseguir. Numa semana você visita uma casa, vê como é que eles trabalham, as mensagens que são passadas. Depois em outra semana você vai em outro terreiro, compara a ritualística com o terreiro que você visitou na semana anterior. Isso aí vai ser muito importante na sua caminhada dentro da Umbanda. Então, como assistido, sim, eu acho que não tem problema nenhum você visitar vários terreiros.
Agora, a situação vai mudar um pouco de figura quando você se tornar trabalhador de uma casa, quando você entrar para a corrente mediúnica, mesmo que você ainda esteja frequentando uma gira de desenvolvimento. Daí, o meu conselho é o seguinte: escolha uma casa para você se dedicar exclusivamente. Porque cada casa vai ter as suas regras, vai ter a sua disciplina, os seus preceitos. Mas, mais importante do que isso é que cada casa vai ter a sua energia espiritual.
E a equipe espiritual da casa, que trabalha em uma determinada faixa vibratória, vai tentar sintonizar a sua sensibilidade mediúnica para aquela faixa vibratória específica. Então, a sua mediunidade vai estar sendo trabalhada de uma determinada maneira para que você se torne um aparelho receptor da equipe espiritual que atua naquele ambiente. E muitas vezes, o fato de você trabalhar mediunicamente em lugares diferentes, com energias diferentes, ao invés de ajudar na sua firmeza mediúnica, vai acabar atrapalhando. Aquela energia descompassada entre uma casa e outra vai te deixar confuso.
É a mesma coisa quando você está aprendendo a dançar. Você vai numa escola de dança e eles te ensinam a dançar um determinado ritmo de uma maneira. Se você for numa outra escola, eles vão te ensinar a dançar um pouco diferente, porque o ritmo, pode ser até que seja o mesmo, só que as instruções que vão ser passadas para você vai variar de um lugar para o outro. E se você ainda não é um dançarino experiente, você vai acabar se perdendo nas orientações. Você não vai saber qual é a maneira mais certa de dançar aquele ritmo, você vai ficar confuso. Com a mediunidade é a mesma coisa. Um terreiro te ensina a trabalhar de uma maneira, outro terreiro vai te ensinar um procedimento diferente. Então, o ideal é que você escolha primeiro uma casa com a qual você se identifique e depois comece a frequentar apenas aquela casa.
Daí, quando você se tornar um médium mais experiente, daí sim, se você quiser, você muda de escola. Vai aprender coisa nova. Novas maneiras de trabalhar a sua mediunidade. Porque você já vai carregar uma bagagem que você não tinha antes. Mas mesmo assim, quando você mudar de terreiro, o correto é que você se desligue do terreiro atual para poder frequentar o próximo. Está certo, meu irmão? Vamos lá, Sofia, qual é a segunda pergunta?
Rafael: Agora, essa segunda pergunta está mais ou menos relacionada à primeira: Na impossibilidade de eu poder frequentar um local, eu posso fazer um altar e cultuar os Orixás e as Entidades da Umbanda em minha própria casa? E mesmo que eu possa frequentar algum lugar, ainda assim, eu posso fazer um altar e cultuar com o uso de velas, orações, pedras e tudo o mais que um altar exige?
Não só pode, como deve, meu irmão! Umbandista que é umbandista vai ter sempre um altar dentro de casa, por mais simples que seja. Então, coloca lá a imagem de um santo da sua preferência ou de um Orixá, ou de uma Entidade, acende as suas velas, faz as suas orações, canta os pontos que você sabe, põe os elementos correspondentes àquele Orixá ou àquela Entidade, faz oferendas. É muito salutar que você mantenha na sua casa, a mesma conexão espiritual que você tem no terreiro. Ou então, como você disse, né? Mesmo que você não esteja frequentando terreiro nenhum, faz as suas firmezas dentro da sua casa e cultua os Orixás e as Entidades do jeito que você sabe, do jeito que você sente, do jeito que você é intuído a fazer.
Eu conheço muito umbandista que não frequenta terreiro algum e mesmo assim, eles tem lá o altarzinho deles onde eles fazem as suas rezas, onde eles fazem as firmezas. Não tem problema nenhum de você fazer isso. Está certo? E olha, você pode montar, não apenas o altar, que a gente chama de Congá, mas se você quiser, também pode montar uma tronqueira na entrada da sua casa, onde você vai saudar e vai pedir proteção para o povo da esquerda. Daí você coloca lá a imagem de um Exú ou de uma Pombajira, se você quiser coloca um tridente, acende as suas velas para o povo da esquerda, faz um padê de vez em quando, coloca uma bebida. Também não tem problema nenhum quanto a isso.
A única coisa que você não faz na sua casa são assentamentos, né? Mas firmeza, altar, tronqueira… você pode fazer sem problema nenhum. Vamos lá, Sofia. Manda outra!
Rafael: Agora, vamos lá para a terceira pergunta: Hoje eu me informei de uma casa de Umbanda que tem suas giras quinzenalmente. Eu não entendo, mas achei o período muito longo. É assim mesmo ou varia de casa para casa?
Então, Rafael, isso vai depender de casa para casa. Tem lugar que faz gira todo dia, tem lugar que faz gira duas vezes por semana, tem lugar que faz gira uma vez por semana, tem lugar que faz gira a cada quinze dias, tem lugar que faz gira uma vez por mês. Vai depender muito da disponibilidade dos trabalhadores, da disponibilidade do dirigente para conduzir os trabalhos, vai depender da quantidade de pessoas que tem para participar da corrente. Não tem uma regra para isso.
Lá no terreiro onde eu frequento, por exemplo, a gente também faz a cada quinze dias. Porque eu moro em São Paulo e o terreiro onde eu trabalho fica em Jambeiro, mais ou menos uns 120 quilômetros da capital. Então, eu não tenho condições de ir toda semana para participar da gira. Bem que eu queria poder fazer gira toda semana, mas para mim fica muito puxado ir para lá toda semana. Então, a gente combinou de fazer as giras em semanas intercaladas.
Eu já trabalhei numa casa também que tinha tanto médium, que se fosse fazer a gira com todos os médiuns, não caberia todo mundo dentro do abassá. Daí, esse terreiro resolveu dividir os médiuns em duas equipes. Uma equipe trabalhava às terças e quintas, outra equipe trabalhava às segundas e quartas. Então, vai da disponibilidade de cada local. E a espiritualidade se programa também para poder ajustar o trabalho que elas fazem lá no plano astral com a disponibilidade dos médiuns. Então, quando você for escolher uma casa, já se informa com que frequência que os trabalhos são feitos para você ajustar a sua rotina também. Vamos lá, Sofia, manda outra!
Rafael: Está certo! Então vamos para a quarta e última pergunta do Rafael: O dirigente do terreiro que eu conversei hoje, só me falou das giras. Quais os outros trabalhos que são realizados nos terreiros de Umbanda? Ou será que são só as giras mesmo?
Bom, Rafael, com relação a essa pergunta, se você vai no terreiro como assistido, muito provavelmente, você só vai participar das giras, né? Giras de atendimento. Vez ou outra, dependendo da complexidade do tratamento espiritual que está sendo feito, a pessoa é convidada a ir no terreiro em um horário previamente agendado para fazer um tratamento individualizado.
Agora, se você é trabalhador da casa, daí tem outras ritualísticas que também são feitas. O principal deles é o amaci, que é o banho de cabeça. Esse amaci é feito de tempos em tempos. E como qualquer outra religião, a Umbanda também tem batismo, tem o casamento, tem os rituais fúnebres. tem as consagrações, tem o ritual de bate-folhas, tem as visitas que a gente faz, fora do terreiro, nos campos de força da natureza. Mas tudo isso que eu estou falando para você, geralmente acontece para quem já é umbandista e trabalhador da casa. Com exceção do ritual de bate-folhas, né, que também é feito como limpeza para pessoas que estão muito carregadas. Está certo?
Rafael: Agora pra terminar, eu vou ler uma experiência que o Rafael relatou na mensagem. Ele disse o seguinte: Certa vez participei de um trabalho, e perguntei a uma entidade o porque delas fazerem uso de cigarros e bebidas. E ela me explicou que é porque isso o cordão de prata do médium, fazendo com que a entidade possa incorporar. Eu achei curioso e não fiquei satisfeito com a resposta, porque no kardecismo os médiuns não precisam desse artificio pra incorporar. Daí, eu pesquisei na internet e achei uma explicação, que pra mim fez muito mais sentido: as entidades utilizam-se dos princípios vegetais contidos nas bebidas e cigarros pra promover limpezas e curas. Pra mim, essa resposta fez mais sentido. Contudo, seguindo essa lógica, então os cigarros industrializados não são as melhores opções pra essas entidades. Hoje eu ouvi um podcast seu, no qual você falou que os cigarros industrializados não são muito úteis nos trabalhos. Enfim, você poderia falar mais sobre isso? Nos dois lugares que eu fui, as entidades estavam usando cigarros industrializados. Achei estranho. Acredito que no passado, lá em 1900 e la vai bolinha, os terreiros se utilizavam mais de tabaco doquê de cigarros industrializados. Pensei ate em comprar uns cigarros mais naturais, pra dar de presente às entidades quando eu for num próximo trabalho.
Você está certíssimo nisso que você falou, Rafael! Isso que eles disseram, de que o cigarro alargaria o cordão de prata, não tem fundamento algum. Até porque, a função do cordão de prata não tem relação nenhuma com a mediunidade. O cordão de prata existe para manter unida a alma da pessoa encarnada ao seu corpo físico. Tanto é que, os espíritos desencarnados não possuem mais o cordão de prata, né? Porque eles já não tem mais um corpo físico. Então, a pessoa ou a entidade que disse isso para você, carece muito de aprofundar os estudos na metafísica.
E com relação aos cigarros industrializados, por que eles não são eficientes para um trabalho de limpeza espiritual? Porque o cigarro industrial mistura o fumo com um monte de veneno. Para vocês terem uma ideia, o cigarro industrializado tem mais de 4.700 substâncias nocivas. A indústria tabagista coloca um monte de aditivos no cigarro para causar dependência química. Então eles misturam na folha de fumo produtos para potencializar o efeito da nicotina, para dar sabor, aroma. Eles colocam outras coisas para diminuir a irritação da fumaça no pulmão. Nessa mistura doida que eles fazem para produzir o cigarro industrializado, eles colocam até solventes, ácidos, metais pesados. Tudo isso para aumentar a dependência para aqueles que consomem o cigarro. Por isso é tão difícil de você largar o vício do cigarro industrializado.
E por esse mesmo motivo, a espiritualidade tem uma dificuldade muito grande de usar o fumo do cigarro industrializado como instrumento de limpeza ou instrumento de descarrego. Por causa do tanto de substância tóxica que tem naquele produto. Agora, se você pegar um cigarro de palha, que usa fumo natural, aquele fumo de corda, sabe? Ou então um cachimbo que também usa fumo de corda, o elemento volatilizado que vai ser trabalho pela espiritualidade é muito mais puro. Eles vão ter uma facilidade muito maior de extrair o princípio ativo daquele elemento para ser manipulado energeticamente. É por isso que eu falei naquele episódio que cigarro industrializado não serve para nada. Espero ter respondido as suas dúvidas, meu irmão.
E mais uma vez eu agradeço, Rafael, por você ter entrado em contato comigo, por você ter trazido esses questionamentos que eu achei muito pertinente e que, por isso, eu resolvi compartilhar com o pessoal aqui do Podcast. Obrigado por você dedicar o seu tempo para mandar sua mensagem para mim.
E para terminar o episódio de hoje, vamos recitar uma poesia do Pai Antônio?
Eu tenho uma família grande composta de muitos irmãos. E quanto mais a família se expande Mais amor vem no coração. Nossa casa é um pouco pequena formada apenas por um salão. Mas todo o amor que ela armazena não cabe dentro de um caminhão. Na minha família, eu tenho um pai, que me ensina a viver na retidão. E toda vez que um dos filhos cai, Ele está lá para estender a mão. Também tenho uma mãe amorosa que fala sempre de amor e perdão. Com a sua fala mansa e carinhosa convidando os filhos à reflexão. Quando minha família está reunida, meus olhos brilham de admiração. Pois encontrei, deste lado da vida, Muito carinho e dedicação!
Espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje, espero que eu possa ter esclarecido, pelo menos um pouquinho das dúvidas que vocês tem sobre a Umbanda. E contem comigo sempre que vocês tiverem algum questionamento que eu possa responder. É lógico que eu não vou saber tudo, o meu conhecimento também é muito limitado. Mas o que eu souber, eu respondo. E o que eu não souber, eu corro atrás de quem sabe.
Se vocês gostaram do episódio de hoje, continuem acompanhando o nosso Podcast nas principais plataformas de áudio. Nós estamos presentes no Deezer, no Spotify, Google Podcast, Apple Podcast, Youtube. Você também pode ouvir trechos dos nossos episódios no Instagram e no Tiktok. E se você quiser, acessando o nosso site: almadepoeta.com.br. Entrem lá, mandem uma mensagem para mim, tirem suas dúvidas, mandem sugestões. Eu fico muito feliz de receber o carinho de vocês.
Um grande abraço, minha família de podcast, fiquem com Deus. Que o nosso Pai Maior os abençoe sempre!
bom dia eu amei as perguntas e as respostas fiquei muito feliz com tudo parabéns
Bom dia! hj foi o primeiro dia em que eu mexendo aqui achei, e comecei a ouvir os episódios, quanta sabedoria nas respostas vou seguir aparti de hj esse podcast